Por paulo.gomes

Rio - Lutar pelo futuro do planeta envolve mudanças de hábitos na hora de ir às compras. No Dia Nacional do Consumo Consciente, celebrado na próxima terça-feira, o Instituto Akatu, ONG com iniciativas voltadas ao tema, alerta que apenas 5% dos brasileiros têm em mente tudo o que é necessário para garantir a sustentabilidade na hora de escolher os produtos que vão levar para casa.

É preciso pensar se produto é mesmo necessário e ecologicamente corretoBanco de imagens

O conceito de consumo consciente, idealizado pela ONU em 1995, propõe análise de cinco fatores: a razão da compra, a origem do produto, a forma como ele é comercializado, o uso que será feito e como será descartado. “O grande desafio é educar para que todos se questionem sobre os impactos sociais e ambientais do ato de consumo”, diz Dalberto Adulis, porta-voz do Instituto Akatu.

Pesquisas realizadas pelo mundo têm apontado o interesse crescente dos consumidores — e aí se incluem os brasileiros — por utilizar produtos que tragam ‘valores sociais e ambientais’. Segundo a Nielsen Holdings, empresa global de informações, dois terços dos consumidores preferem comprar produtos e serviços de empresas que tenham programas dedicados a fazer algum bem à sociedade. Outro estudo, da União do Biocomércio Ético, mostra que 84% deixariam de comprar produtos de empresas associadas a algum problema ambiental em sua cadeia.

Mas, segundo Adulis, “ter a consciência do problema nem sempre significa atuar da maneira ideal”. Para isso, ele aposta na educação através da escola, dos pais e da sociedade. “Se um vizinho vê o outro reciclando, percebe que seu comportamento está inadequado para os padrões atuais”, exemplifica.

Fundadora da ONG TemQuemQueira, especializada em fabricar produtos a partir de material reciclado, Adriana Gryner também não acredita que a consciência dos consumidores esteja completamente formada. “Ainda não vejo uma adesão a produtos sustentáveis. Existe interesse forte das empresas, mas o consumidor final tem participação mais tímida”, avaliou.

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Grandes empresas aliadas do consumo responsável

Grandes companhias vêm se tornando aliadas do consumo sustentável. A Natura, por exemplo, coloca à disposição, em seu site ou nos rótulos dos produtos, ‘tabelas ambientais’. Nelas, há informações sobre a origem do produto e que material é usado na embalagem, entre outras. No caso da Linha Natura Ekos, o site mostra as comunidades fornecedoras dos itens da biodiversidade com as quais a Natura faz a repartição dos lucros.

A empresa abraçou a causa ambiental em 1999. “Foi desafiador, porque já estávamos abertos a aprender sobre o tema e desenvolver os conceitos nos produtos”, lembra a gerente de desenvolvimento Andrea Costa, que participou da criação da Ekos.

Sem destino para o material excedente da produção, a Fiat também aderiu à causa ecológica ao lançar a Cooperárvore. O grupo fabrica bolsas, carteiras e chaveiros a partir de materiais da indústria automobilística, como restos de cinto de segurança e tecidos de banco. “A resposta foi positiva. Estamos aperfeiçoando as vendas online para absorver a demanda”, destaca Ana Veloso, coordenadora de relacionamento da empresa.

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