Por bferreira

Rio - Técnica cirúrgica inédita no mundo foi desenvolvida por </DC></IP>professores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) para solucionar casos de impotência sexual de homens submetidos à retirada de tumores de próstata. De acordo com especialistas, 40% dos pacientes de até 50 anos ficam com a sequela após a cirurgia contra o câncer, índice que pode dobrar entre pessoas com mais de 70 anos.

A técnica ‘religa’ nervos dos corpos cavernosos do pênis, responsáveis pela ereção, que podem romper-se durante a extração da próstata. “Retiramos o nervo sural, que fica na perna, para fazer pontes entre o nervo femoral e o pênis”, explicou o urologista José Carlos Souza Trindade, que integrou o estudo. A conexão entre as partes acontece pelas suas laterais, não mais pelas extremidades, como em técnica anteriores. Segundo os médicos, “é como religar os fios de uma casa às escuras à rede elétrica”.

Dez homens foram submetidos ao procedimento desde 2011, e quatro já retomaram as atividades sexuais. “As fibras nervosas crescem 1 cm por mês, então há demora de até 18 meses para se desenvolverem completamente”, justifica o urologista, ressaltando que os outros seis pacientes já apresentam evoluções favoráveis na fase pós-operatória.

De acordo com Trindade, a nova técnica é considerada simples por penetrar somente a cavidade abdominal. “É apenas uma sutura de nervos”, disse, destacando que os pacientes têm alta em até 48 horas.

TÉCNICA PIONEIRA

O método será apresentado oficialmente no Congresso Americano de Nervos Periféricos, em janeiro, nos EUA. Ele teve origem na cirurgia para outros casos de lesões nervosas, como para restituir a sensibilidade da pele de paraplégicos e pacientes com paralisia facial, também desenvolvida pela Unesp, em 1994.

Botão para eliminar urina

Outra sequela da cirurgia de próstata, a incontinência urinária já tem solução. Trata-se do esfíncter artificial, composto por um anel de silicone que comprime a uretra e é controlado pelo homem quando ele vai ao banheiro. Implantado cirurgicamente sob o testículo, o dispositivo não é visível. “O anel substitui o mecanismo natural de urinar. Quando vai ao banheiro, o homem aperta um botão que libera a uretra e faz com que a urina saia”, explica o urologista do Hospital da Clínicas da USP Cristiano Gomes.

Segundo ele, a cirurgia pode afetar o funcionamento natural do esfíncter, que controla a urina. Cerca de 25% dos homens que operam a próstata ficam com a sequela.

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