EUA - A Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, sigla em inglês) monitorou as conversas de 35 líderes mundiais depois de ter tido acesso aos seus números de telefone por uma autoridade de outro departamento do governo americano, informou nesta quinta-feira o jornal britânico The Guardian em sua edição online.
A reportagem do The Guardian foi feita com base em documentos fornecidos pelo ex-funcionário terceirizado da NSA Edward Snowden , responsável por uma série de revelações sobre programas secretos de espionagem dos EUA.
O memorando confidencial, de acordo com o jornal, revela que a NSA encorajou autoridades de alto escalão da Casa Branca, Pentágono e Departamento de Estado a compartilhar suas agendas para que a agência conseguisse adicionar números de telefone de políticos importantes aos seus sistemas de vigilância.
De acordo com o documento, uma autoridade americana não identificada entregou sozinha 200 números, incluindo aqueles dos 35 líderes mundiais, cujos nomes são desconhecidos.
A revelação deve se somar à indignação na comunidade internacional com o caso da chanceler alemã, Angela Merkel, cujo governo foi informado que os EUA estariam monitorando suas conversas no telefone celular. O governo americano respondeu que não está monitorando e nem vai monitorar as comunicações da chanceler - mas não informou se essa prática foi realizada no passado.
O documento divulgado pelo The Guardian, que data de 2006, sugere, entretanto, que o monitoramento semelhante ao que atingiu Merkel era prática rotineira da agência de segurança americana.
"Em um caso recente", afirma o memorando, "uma autoridade dos EUA forneceu à NSA 200 números de telefone de 35 líderes mundiais. Apesar do fato de que a maioria pode ser obtida abertamente, os PCs (sigla para centros de produção de inteligência) notaram 43 números de telefones anteriormente desconhecidos."
Segundo o jornal, o documento diz que os novos números de telefone ajudaram a agência de segurança a descobrir novos detalhes adicionais de contato ao seu monitoramento. Mas o memorando reconhece que a escuta dos números produziu "pouco material de inteligência".
A Alemanha e a França essa semana somaram a lista de aliados e parceiros econômicos que estão indignados com as práticas da espionagem americana. Até o momento, a maior objeção ao programa de vigilância da NSA no exterior veio do Brasil. A presidente Dilma Rousseff cancelou uma visita de Estado a Washington após denúncias de que a agência americana teria interceptado comunicações da líder com seus aliados e a rede de computadores da estatal Petrobras.
O México também expressou indignação sobre um suposto programa da NSA, revelado pela revista alemã Der Spiegel, que acessou um domínio usado pelo ex-presidente Felipe Calderón e seu gabinete. Além disso, um documento de junho de 2012, indicou que a NSA havia lido os emails do atual presidente Enrique Peña Nieto antes de ele ser eleito.