Rio - O Estado do Rio de Janeiro está em alerta para provável aumento dos casos de dengue nos próximos meses. Levantamento em 80 municípios revela que 23 (28,7%) estão com índices de infestação pelo Aedes aegypti acima do considerado seguro pela Organização Mundial de Saúde, que é de 1% (10 imóveis com foco do mosquito a cada mil). Seis das cidades ficam na Baixada Fluminense, região considerada mais vulnerável pela Secretaria Estadual de Saúde.
O problema em Belford Roxo, Caxias, Itaguaí, Japeri, Nova Iguaçu e São João de Meriti não se limita ao fato de registrarem taxas acima de 1% — a cada mil imóveis vistoriados, em mais de dez havia criadouros do mosquito. De acordo com o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Saúde, Alexandre Chieppe, há dois anos o vírus tipo 4 da dengue circula em diversos pontos do estado, exceto na Baixada Fluminense.
“Ao ser infectada por um tipo de vírus, a pessoa fica imune a ele. A Baixada é nossa maior preocupação porque a população ainda não tem imunidade contra vírus tipo 4, que é o que mais circula atualmente”, disse, acrescentando que os índices do estado melhoraram nos últimos anos. “Já esteve pior, mas ainda não está totalmente satisfatório”, concluiu. Os dados são do Levantamento do Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa) feito pelos municípios.
As cidade com os maiores índices de infestação pelo Aedes aegypti são Santo Antônio de Pádua, com 2,6%; Itaboraí (2,4%); Japeri (2,3%) e Itaguaí (2,1%).
Software vai ajudar no tratamento
Uma novidade vai auxiliar médicos no atendimento a pacientes com dengue. A Secretaria Estadual de Saúde começará a divulgar, no final do ano, o prontuário eletrônico que estará disponível a todos os profissionais. No software, dados do paciente são digitados e o programa detecta aspectos de risco e que necessitam de internação, como vômito persistente e sangramento. Além disso, o prontuário indica o melhor tratamento para pessoas com outras doenças, como anemia. “Isso ajuda o profissional a tomar decisões sem que ele precise abrir muitos livros”, disse Chieppe.
Urbanização e clima ‘agradam’ mosquito
Urbanização complexa, presença de favelas em todas as regiões, calor e chuva. E todos esses fatores atuando juntos, no verão. Segundo Rafael Freitas, entomologista do Instituto Oswaldo Cruz, isso explica por que esta época do ano é a mais perigosa para a dengue. Chuvas aumentam os focos e o calor, a eclosão dos ovos. “Ainda há pessoas que não têm abastecimento de água e por isso precisam armazenar, o que aumenta risco de focos”, declara.
Segundo ele, o combate à dengue é responsabilidade pessoal, já que não existem vacinas e remédios que previnam a doença. “A melhor forma de evitar é não pegar dengue e isso se faz eliminando focos. Não adianta um vizinho agir e o outro, não”, alerta.
Avó de dois meninos, de 4 e 3 anos, a professora Elaine Durão, 58, fica atenta a possíveis focos na casa onde mora, em Niterói, e não dispensa o repelente nos pequenos. “Há casas ao redor da minha com muitas plantas e piscinas. Fico preocupada, porque já tive dengue duas vezes e não quero que meus netos peguem”, disse. O índice de infestação em Niterói é de 1,2%. No município do Rio, como O DIA noticiou quinta-feira, é de 1,1%, e 80 bairros das zonas Norte e Oeste estão em estado de alerta.
Os quatro tipos de vírus da dengue circulam no Rio. Cientistas descobriram o tipo 5, como foi noticiado pelo DIA em outubro, em amostras virais coletadas na Malásia. A pesquisa foi feita por equipe da Universidade do Texas, EUA. Este vírus estaria circulando apenas entre macacos de florestas da Malásia, por enquanto.