Por bferreira
Rio - Na corrida pelas compras de fim de ano, muita vezes a certificação dos produtos pode ter passado despercebida. Brinquedos sem selo do Inmetro ou com falsa certificação representam verdadeiro perigo à saúde. Acompanhar as instruções de uso também é fundamental. Especialistas alertam para a chance de danos ao organismo, quando peças são engolidas, e até para a visão, por causa de objetos pontiagudos e luzes com potência acima do recomendado.
“Pega-varetas” é apontado como jogo perigoso às crianças quando usado sem supervisão de adultosReprodução

Pistolas de pressão e brinquedos pontiagudos são as maiores ameaças. O impacto contra os olhos pode causar inflamação, descolamento de retina, hemorragia interna e até perfuração. “A gravidade varia, mas é importante encaminhar ao pronto socorro”, afirmou o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, destacando o 'pega-varetas' como um dos jogos mais perigosos às crianças.

Apesar de não ser propriamente um brinquedo, canetas laser são populares entre os jovens e responsáveis por outro risco. Segundo estudo do NIST, instituto de qualidade norte-americano, 90% destes produtos de cor verde e 44% dos que emitem luz vermelha estão fora do limite de segurança internacional, que é de 5 mW.
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De acordo com o médico, o produto pode causar desde edema na córnea até lesão permanente na retina se estiver acima da potência recomendada. Ele ressalta que o dano é pior de acordo com o tempo de exposição à luz.
Engolir peças pequenas também pode causar complicações graves. Dependendo do tamanho e do formato, o material pode perfurar o estômago e causar inflamação do peritônio (membrana que reveste o órgão). “São oito metros de aparelho digestivo para percorrer. Pode sair nas fezes sem causar problemas, mas é perigoso caso pare no estômago”", destacou o gastroenterologista José Penteado. Se a peça não for eliminada em até 48 horas, o médico recomenda que a família procure ajuda.
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Pais devem redobrar a atenção
A certificação de brinquedos pelo Inmetro é obrigatória desde 1992. Segundo o instituto, são avaliados impacto (pontas cortantes e agudas), mordida (partes pequenas que podem ser levadas à boca), composição química (materiais nocivos), inflamabilidade (risco de pegar fogo) e ruído (níveis acima dos limites estabelecidos). No caso dos lasers, que não têm legislação específica no Brasil, o Inmetro indica que crianças sejam supervisionadas durante o uso.
Médicos recomendam que os pais redobrem a atenção com brinquedos de maneira geral. “Certificado ou não, é importante ler as medidas de segurança antes de dar para a criança”, alertou o oftalmologista Leôncio Queiroz. Para o endocrinologista, cuidado nunca é de mais: “Engolir objetos já perigoso para adultos, imagina para as crianças.”
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