Por bferreira

Venezuela - Para tentar conter os protestos contra o governo — que tomam conta das ruas de várias cidades da Venezuela há três semanas e já deixaram 15 mortos —, o presidente Nicolás Maduro resolveu antecipar o início do Carnaval de sábado para quinta-feira. “Haverá carnaval, haverá felicidade. Não deixemos que nos inoculem o veneno do ódio”, afirmou o governante. Vários prefeitos, porém, decidiram cancelar as festas populares. O slogan ‘Quatro dias de Carnaval por 365 dias de segurança’ está sendo espalhado pelas redes sociais por manifestantes.

Ontem, a capital, Caracas, amanheceu com dezenas de militantes da oposição bloqueando com barricadas algumas das principais ruas. À tarde, motociclistas saíram às ruas em apoio a Maduro.

DILMA: APOIO À DEMOCRACIA

Ontem, a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, falou sobre a situação durante reunião com líderes europeus em Bruxelas. “É importante que se olhe para a Venezuela sempre do ponto de vista também dos efetivos ganhos sociais que houve nesse processo, em termos de saúde e de educação para o seu povo. Sempre tivemos dentro dos órgãos latino-americanos uma posição de dar apoio à democracia, e vamos continuar”, afirmou.

De acordo com a procuradora venezuelana Luisa Ortega Díaz, até a manhã de ontem 13 pessoas haviam morrido: seis em Caracas, três em Carabobo, uma em Sucre, mais uma em Táchira, outra em Lara e uma Merida. Oito foram baleadas. O balanço oficial não incluía mais duas mortes, de manifestantes, noticiadas pela imprensa local. Um deles caiu de grande altura ao ser atingido por bomba de gás lacrimogêneo atirada por policiais em Táchira. O outro foi alvo de motociclistas armados em Aragua.

Cerca de 140 pessoas ficaram feridas e pelo menos 45 foram detidas desde o início dos protestos. Sobre a morte do estudante Bassil Dacosta — primeira vítima —, a procuradora informou que três agentes do serviço de inteligência foram detidos.

Maduro classifica as manifestações como “golpe de Estado em desenvolvimento”. Ontem, ele afirmou que “um mercenário do Oriente Médio” foi preso na Venezuela, e que a missão dele seria desestabilizar o governo.

General resiste à prisão com fuzil e Capriles falta reunião

No telhado de casa, com fuzil em punho, o general da reserva Angel Vivas resistia à prisão, até ontem. Sua captura foi determinada por Maduro, sob acusação de ensinar manifestantes a usar cabos de energia para bloquear ruas. Vivas é conhecido por suas denúncias sobre a presença de agentes cubanos nas Forças Armadas da Venezuela. “Estamos sendo invadidos por Cuba”, disse, referindo-se à ligação do governo chavista com Cuba.

Já outro líder opositor, o governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, faltou ontem a reunião de governadores convocada por Maduro para tratar da violência. “Eles agem como se nada estivesse acontecendo. Estão desesperados pelo Carnaval”, provocou Capriles, candidato à presidência derrotado por Maduro após a morte do líder Hugo Chávez, em março.

Outro líder opositor, Leopoldo López, está detido há uma semana e será julgado pela morte de um manifestante governista no dia 12. A libertação de López é uma das principais reivindicações da oposição.

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