Rio - O doce rico em cacau faz bem à saúde. Segundo uma pesquisa realizada em pacientes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, o consumo moderado de chocolate amargo ajuda no controle da pressão arterial. De acordo com a equipe médica, é possível que no futuro — com estudos cada vez mais detalhados — remédios possam ser desenvolvidos através do cacau.
Trinta pacientes que tomavam remédios, mas não tinham pressão ideal, participaram da pesquisa. Dos 21 que completaram o estudo, 12 melhoraram a dilatação. Pessoas de 45 a 65 anos, 80% mulheres, comeram durante uma semana, três vezes por dia, pequenos tabletes de chocolate com 70% de cacau, cerca de 75 gramas diárias. Cerca de 57% tiveram melhora significativa na função cardiovascular.
Segundo o cardiologista e pesquisador da Uerj envolvido no estudo, Mario Fritsch Neves, o cacau tem flavonoide, substância com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, importantes no controle de doenças do coração. De acordo com ele, o flavonoide aumenta a quantidade de nitrato produzido pelo próprio corpo e responsável pela ‘limpeza’ das paredes dos vasos sanguíneos, eliminando a gordura acumulada. “O tabaco, a diabetes e o colesterol alto são condições que derrubam as taxas de nitrato”, lembra Mário Neves.
A ação do cacau também diminui os riscos de infarto e acidentes vasculares cerebrais (AVCs), porque a dilatação e a função vascular ficam mais fortes. O médico afirma que hoje em dia não é suficiente tratar o hipertenso só através do controle da pressão. “Às vezes, ela está controlada, mas a pessoa continua podendo ter um infarto a qualquer momento”, afirma.
Gordura e muito açúcar
O chocolate usado pela equipe é bem diferente do chocolate ao leite, que não tem as mesmas propriedades dos conhecidos meio amargo e amargo. Para conseguir a quantidade suficiente de flavonoides, a pessoa deveria ingerir muito chocolate ao leite, o que engorda e gera problemas de saúde. “Eles têm muito açúcar e gordura”, alerta Mário Neves.
O objetivo da pesquisa foi definir qual era o perfil do paciente que apresentava recuperação com a ingestão do doce. A equipe descobriu que adultos, de 40 a 55 anos, tiveram os melhores resultados. “Os idosos sofriam há mais tempo de hipertensão e tinham mais riscos de infarto, o que foi definitivo para as conclusões”, relatou o médico.