Por daniela.lima

Havana - Cuba comemorou nesta quinta-feira outro Primeiro de Maio com grandes manifestações, de maneira festiva e sem reivindicações trabalhistas, entre os frequentes pedidos para se elevar a eficiência econômica, críticas aos Estados Unidos e mensagens de apoio ao governo da Venezuela e ao seu presidente, Nicolás Maduro. Mais de meio milhão de cubanos, segundo estimativa oficial, participaram do desfile central pelo Dia dos Trabalhadores na emblemática Praça da Revolução, em Havana, sob a liderança do presidente Raúl Castro, que como de costume acompanhou a marcha de uma tribuna no monumento dedicado ao herói cubano José Martí. 

Trabalhadores de Cuba celebraram o Dia do Trabalho com manifestaçõesReuters


Nesta tribuna estreou hoje como único orador da jornada o novo secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC, sindicato único), Ulises Guilarte, com um discurso sem surpresas, no qual pediu o apoio dos trabalhadores para acrescentar "eficiência" e "produtividade" diante dos desafios que o país enfrenta.

"As tarefas econômicas e sociais que enfrentamos são a cada dia mais complexas e difíceis. Para conseguir seu cumprimento será definitivo e transcendente o respaldo majoritário de uma classe operária como a nossa, forjada na luta", afirmou Guilarte.

Críticas aos Estados Unidos

Não faltaram as referências críticas aos Estados Unidos como "um poder imperial que não renuncia a mudar o curso da história também agora mediante o emprego de métodos mais sofisticados e encobertos para dividir e subverter". Com essas palavras, Guilarte se referiu ao "caso Zunzuneo", a rede social de telefones celulares organizada pelos Estados Unidos em Cuba, que qualificou esta ação como uma "estratégia subversiva" do país americano contra a ilha.

O Primeiro de Maio também serviu para reiterar o apoio de Cuba ao governo da Venezuela, seu principal aliado político e econômico, e ao presidente Nicolás Maduro "diante das ações desestabilizadoras da direita reacionária" no país sul-americano. Durante o desfile foram exibidos cartazes com a imagem de Maduro e muitos com o rosto do falecido Hugo Chávez. Como é habitual, grande parte dos manifestantes carregavam imagens do ex-presidente cubano Fidel Castro (que deixou o poder em 2006), e do atual governante, seu irmão Raúl.

A marcha, aberta com uma grande faixa onde se lia a frase "Trabalhadores unidos na construção do socialismo", durou cerca de uma hora e meia. Em seguida, estavam milhares trabalhadores do setor da saúde, que a partir de junho se beneficiará de um excepcional aumento salarial aprovado pelo governo, com o argumento de que a exportação de serviços profissionais da saúde se transformou na principal fonte de
renda em moeda estrangeira para a ilha.

A medida duplicará em muitos casos os soldos dos médicos e deixará a categoria com um salário mensal superior a da média da ilha -cerca de US$ 20- embora ainda muito baixo em comparação com outros países. "Para nosso país, com a situação econômica que temos e com as mudanças que vamos ter, nos honramos com esse aumento salarial", disse à agência Efe Armando, um médico que participou do desfile. Emily, enfermeira de um hospital da capital, afirmou que os profissionais do setor "merecem muito mais mas por enquanto parece suficiente". Com exceção de saúde e o esporte, o governo de Cuba não acredita ser possível um aumento salarial generalizado enquanto não se aumentar a produtividade. Na ilha caribenha, os exíguos salários e pensões são uma das principais preocupações da população e um problema que o plano de reformas empreendido por Raúl Castro para reanimar a enfraquecida economia cubana não conseguiu resolver.

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