Por bferreira

Rio - A principal causa de infertilidade em homens poderia ser facilmente evitada eles fossem ao urologista desde a puberdade. A varicocele, doença vascular que prejudica a produção de espermatozoides, começa a se desenvolver na adolescência e não apresenta sintomas. Segundo o especialista em reprodução humana Daniel Zylbersztejn, o problema acomete 40% dos pacientes que chegam ao seu consultório com dificuldades de engravidar suas esposas.
A primeira consulta com o urologista, recomenda, deve ser aos 12 anos, aos primeiros sinais da puberdade, com crescimento mais abundante dos pelos do corpo e dos testículos.

A varicocele pode aparecer por predisposição genética (se o pai ou o irmão tiveram), e já pode ser detectada aos 12 anos, dependendo do caso. “Pode aparecer já no momento em que o menino está tendo o ‘estirão’, quando o corpo começa a amadurecer, durante a puberdade”, diz Zylbersztejn.

A doença consiste num mau funcionamento das veias do testículo, que ficam permanentemente dilatadas. Isso prejudica o fluxo sanguíneo, e aumenta a temperatura do local. “O testículo realiza a produção de espermatozoides a 34 graus, em média. A partir desse ponto, a quantidade de células reprodutivas pode ser reduzida, e há uma perda na qualidade delas também, o que acarreta uma queda no potencial fértil”, explica. Apesar de silenciosa e invisível aos olhos do paciente, a varicocele é identificada pelo médico no exame físico. “O especialista identifica veias sobressalentes, que lembram varizes, e tateia a região para verificar anormalidades”.

O procedimento cirúrgico é a única forma de tratar os casos mais graves, em que a fertilidade fica comprometida. E quanto antes esse risco for detectado, maiores as chances de o corpo, após a cirurgia, recuperar a boa produção de células reprodutivas.

“Se o rapaz chega até a mim com 18 anos, e vemos que seu espermograma (exame que aponta a quantidade e qualidade dos espermatozoides) está ruim, indicamos a microcirurgia de correção, chamada varicocelectomia”.

Um pequeno corte é feito na pele que envolve o testículo afetado e, com a ajuda de um aparelho que amplia a visibilidade, o cirurgião corta as veias doentes, interrompendo o fluxo sanguíneo. “A interrupção faz com que o órgão volte a trabalhar em temperatura adequada, e o fluxo sanguíneo retome a circulação pelas veias saudáveis”, esclarece.

Visitas ao pediatra também devem continuar sendo feitas

Além de incentivar as famílias a levar os meninos ao urologista desde os 12 anos, Daniel Zylbersztejn lembra que é preciso dar continuidade às consultas. “A ideia não é tirar o pediatra de cena, mas ser mais um suporte para que essa criança se desenvolva com saúde. Há pouca ênfase nos cuidados com a sexualidade dos meninos”.

Ainda segundo ele, “é preciso desconstruir a ideia de que urologista é o médico ‘do velho’, do homem com disfunção erétil”. No caso da varicocele, afirma, é justamente o acompanhamento com o urologista que pode evitar que esse adolescente venha a ter problemas de fertilidade na idade adulta.

Segundo Zylbersztejn, as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) já não são mais as grandes fontes causadoras de infertilidade como antigamente. Isso graças às medicações que freiam seu potencial degenerativo e até reparam seus danos. “E as DSTs são mais fáceis de serem detectadas pelo homem. Ele sente alguma coisa, ou vê algo fora de normal. Isso não acontece com a varicocele”, explica.

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