Por felipe.martins

Rio - Comer carne demais na meia idade pode ser mais mortal que o fumo, segundo estudo da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos. A pesquisa verificou que o consumo exagerado de proteína animal (incluindo também ovos, leite e queijo) aumentou em quatro vezes as chances de morte por câncer e diabetes na população estudada, da faixa etária dos 35 aos 58 anos. O percentual é maior do que o associado ao tabagismo.

O estudo acompanhou mais de sete mil adultos por 18 anos, e descobriu que tais excessos dobraram a probabilidade de morte prematura. Já em idosos, o efeito foi o contrário: a dieta rica em proteína diminui em 60% as mortes por câncer.

A proteína ajuda a controlar a produção do hormônio do crescimento (IGF-I), que atua no desenvolvimento dos tecidos do corpo, mas que, em excesso, aumenta a vulnerabilidade ao câncer. Os níveis de IGF-I caem dramaticamente após os 65 anos, levando à perda de massa muscular. Por isso, para essa faixa etária, o adicional proteico foi saudável.

Carne tem proteína%2C que regula hormônio do crescimento. Em grande quantidade%2C ele faz surgirem tumoresIstock

Os prejuízos associados à morte precoce não foram verificados nos grupos que faziam dietas ricas em proteína vegetal, obtida em grãos (soja, feijão) e em leguminosas (vagem, lentilha, ervilha). O risco de desenvolver tipos fatais de câncer foi menor nos adultos que faziam dieta de baixa proteína — não importando a fonte do nutriente.

Valter Longo, autor da pesquisa, diz que a ingestão diária de proteína deveria ficar em torno de 0,8 gramas para cada quilo do peso corporal da pessoa. Para alguém com 60 quilos, por exemplo, o recomendado seria o equivalente a 48 gramas de carne por dia.

O desafio da pesquisa foi estabelecer uma relação direta de causa e efeito entre o consumo dos alimentos em questão e o aparecimento de sintomas ligados a diabetes, câncer, e outras doenças que deram causa às mortes dos participantes. “Estudos que analisam o efeito dos hábitos alimentares precisam ser vistos com cuidado. É difícil identificar um elo de causalidade entre o nutriente e os sintomas”, disse Peter Emery, coordenador de Nutrição na Universidade de King’s College de Londres, ao ‘The Guardian’.

Dietas

O nutricionista Fábio Bicalho recomenda que os interessados em reduzir a proteína nas refeições aumentem o consumo de hortaliças, frutas e grãos integrais, dando preferência a orgânicos. Veja abaixo algumas sugestões de dieta:

‘Mediterrânea’

Nesta dieta, o consumo de carne vermelha é limitado a poucas vezes por mês; a manteiga é substituída pelo azeite de oliva; e são recomendados frutas, legumes e cereais integrais. Peixes e frangos devem ser feitos duas vezes na semana.

Dash’

Desenvolvida por Institutos Nacionais de Saúde dos EUA para reduzir a pressão arterial sem medicação. É uma rica em frutas, legumes e laticínios com baixo teor de gordura.

‘Vegetariana’

O ‘vegetariano estrito’ (que não come derivados de ovo ou leite) exclui da dieta qualquer produto de origem animal. Para isso, compensa com proteínas vegetais.

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