Rio - Ucranianos são menos pró-russos do que os separatistas visam fazer o mundo acreditar, mesmo em regiões ao longo da fronteira com a Rússia, que supostamente votaram esmagadoramente pela independência da Ucrânia, indica pesquisa da CNN divulgada nesta terça-feira.
O povo da Ucrânia se sente muito mais ligado à Europa do que com a Rússia, e uma grande maioria apoia as sanções econômicas contra Moscou, de acordo com votação envolvendo 1 mil pessoas realizada na semana passada por todo o país.
Dois em cada três (67%) pessoas na Ucrânia aprovam as sanções econômicas contra a Rússia, enquanto um em cada três (29%) desaprova, sugere pesquisa por ComRes da CNN.
Além disso, ucranianos tendem a ver o presidente russo, Vladimir Putin, como um perigoso e forte líder, enquanto consideram o presidente dos EUA, Barack Obama, amigável.
Segundo a pesquisa, 56% disseram que sentem um forte senso de lealdade com a Europa do que em relação a Rússia, enquanto 19% se sentem mais leais a Rússia enquanto 22% negaram essa relação. Outros 3% disseram não saber opinar sobre o assunto.
Os resultados vêm um dia depois de os separatistas pró-russos no leste do país anunciarem o apoio da maioria da população pela secessão da Ucrânia, em um referendo denunciado pelos Estados Unidos e seus aliados europeus como inconstitucional.
Sanções
A Rússia disse nesta terça que novas sanções da União Europeia vão prejudicar os esforços para acalmar a crise na Ucrânia e fez um chamado ao Ocidente para que convença o governo em Kiev a manter conversações antes da eleição presidencial de 25 de maio sobre a estrutura de funcionamento do país.
Os resultados dos referendos sobre autonomia em Donetsk e Luhansk, regiões de maioria russa no leste ucraniano, "deveriam ser um claro sinal a Kiev sobre a profundidade da crise" na Ucrânia, disse o ministério russo de Relações exteriores em um comunicado.
O Kremlin não chegou a endossar a independência dessas regiões ou sua anexação pela Rússia, mas disse que os referendos salientam a necessidade de conversações entre o governo pró-ocidental e os separatistas do leste.
"Moscou espera que a UE e os Estados Unidos usem sua influência sobre a atual liderança em Kiev de modo que questões de estrutura de Estado e respeito aos direitos das regiões sejam discutidas em breve - de qualquer modo, antes da eleição marcada para 25 de maio", assinalou.
Apoio
O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que outros países têm de compartilhar a carga da imposição de sanções à Rússia e que quaisquer medidas deveriam incluir também os setores financeiros e de energia, além da defesa.
Em entrevista à rede CNN na segunda à noite, Fabius também deu a entender que a França não descarta a possibilidade de rever a venda de navios de guerra à Rússia - um contrato acertado antes do início da crise na Ucrânia.
Os Estados Unidos vêm pressionando a França, Alemanha e Grã-Bretanha para que adotem uma atitude dura contra a Rússia para punir seu governo pela anexação da Crimeia e dissuadi-lo de intervir no leste da Ucrânia.
Ao lhe perguntarem se a França segue a mesma posição adotada pelos Estados Unidos, Fabius disse: "Acho que sim, desde que todos façam os mesmos sacrifícios" - uma referência a outras nações. "Não são sanções contra a Europa, mas Rússia. Não esqueçamos disso", disse ele.