Por felipe.martins

Rio - Dificuldades para mamar no peito da mãe e, mais tarde, de falar e mastigar, podem ser evitadas com o Teste da Linguinha em bebês. O exame prevê se a criança terá ‘língua presa’, avaliando se o frênulo (membrana que liga a língua ao assoalho da boca) é curto demais. Projeto de Lei aprovado quinta-feira no Senado, e que agora espera por sanção da presidenta Dilma Rousseff, propõe a obrigatoriedade do exame nos recém-nascidos em todas as maternidades e hospitais do Brasil.

Teste também evita dificuldades do bebê para mamar no peito Banco de imagens

Se constatado o problema, é realizado procedimento chamado de frenotomia — um pequeno ‘pique’ na membrana, que em recém-nascidos é indolor e não sangra. Com a criança mais crescida, o frênulo se torna mais resistente e grosso, o que transforma o simples ‘corte’ em uma cirurgia, segundo a presidenta da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Irene Queiroz Marchesan. Além disso, mesmo após a intervenção, os mais velhos ainda apresentam problemas na fala e na mastigação, ao contrário dos bebês, que ficam livres dos transtornos.

O teste consiste na simples análise clínica do tamanho da membrana e da forma como o neném mama. A movimentação exagerada e a dificuldade ou impedimento em sugar o leite materno podem ser indícios da deficiência. “Muitas vezes, pela dificuldade, a família inicia o uso da mamadeira e acaba privando a criança do leite materno, que é tão nutritivo”, afirma Irene.

Recomenda-se que o Teste da Linguinha seja feito nas primeiras 72 horas de vida do bebê, podendo chegar, no máximo, aos 30 dias após o nascimento.

Prevenção ao bullying

O Teste da Linguinha também pode evitar problemas indiretos, como bullying, por exemplo. A fonoaudióloga Irene Marchesan lembra que uma criança com ‘língua presa’ está sujeita a brincadeiras de mau gosto na escola, tem dificuldades em se relacionar, e isso a acompanha por toda a vida. “Já o adulto enfrenta o preconceito nas entrevistas de emprego, por exemplo, pois não foi diagnosticado quando e como deveria”, afirma.

“Pouquíssimos lugares fazem o teste, por isso é importante que se torne obrigatório por lei”, defende a especialista. Se o projeto for aprovado, profissionais de saúde seguirão um protocolo que padronizará a atuação das equipes médicas diante dos casos.

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