Brasília - O massacre de palestinos na Faixa de Gaza se desdobrou numa crise diplomática entre Israel, que realiza a ação militar, e o Brasil. Logo após o governo brasileiro afirmar que ação de Israel em Gaza era desproporcional, provocando as mortes de centenas de civis e crianças, o porta-voz israelense Yigal Palmor respondeu com ironia: “Desproporcional é 7 a 1”, numa referência à goleada sofrida pelo Brasil contra a Alemanha.
Palmor também classificou o Brasil como “anão diplomático”, depois de o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, chamar de volta a Brasília o embaixador em Tel Aviv, Henrique Sardinha Filho. “Essa é uma infeliz demonstração de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, se mantém um anão diplomático. O relativismo moral por trás dessa medida transforma o Brasil num parceiro diplomático irrelevante, que cria problemas em vez de contribuir para soluções”, disse Palmor.
Figueiredo rebateu: “Somos um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU. Temos um histórico de cooperação pela paz. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles. O Brasil entende o direito de Israel de se defender, mas não está contente com a morte de mulheres e crianças”, afirmou .
No 16º dia da ação de Israel no território palestino, os combates continuam, apesar de a ONU ter determinado investigação sobre a possível ocorrência de crimes de guerra. Já morreram 736 palestinos, sendo mais de 70% civis. Do lado israelense, foram 34 os mortos, a maioria militares.
Ataque com tanques à escola da ONU mata 15 pessoas, incluindo crianças
Uma escola da ONU, onde vários cidadãos palestinos se refugiavam, foi atacada por tanques de guerra israelenses, ontem, em Beit Hanoun, no Norte da Faixa de Gaza. Pelo menos 15 pessoas morreram, incluindo mulheres, crianças e funcionários das Nações Unidas, segundo o secretário-geral, Ban Ki-moon.
Em um comunicado, as Forças Armadas israelenses afirmaram que o ataque aconteceu durante “combate com terroristas do Hamas”. Ainda segundo a nota, “durante a tarde, muitos dos foguetes lançados de dentro de Gaza pelo Hamas caíram sobre a área de Beit Hanoun”. Israel afirma ainda que vai investigar o episódio e a possibilidade de que a escola tenha sido atingida por um míssil disparado de Gaza.
Um fotógrafo da agência de notícias Reuters disse que havia poças de sangue no chão, nas mesas dos alunos e no pátio da escola. Laila Al-Shinbari, uma mulher que estava na escola, contou que, após o ataque, as famílias se reuniram no pátio à espera de saírem dali em comboio da Cruz Vermelha. “Quatro bombas caíram sobre nós. Meu filho está morto e todos os meus parentes estão feridos”, disse, chorando.
Família dizimada em bombardeio
Seis palestinos de uma mesma família, incluindo duas crianças, de 3 e 5 anos, foram mortos ontem no Sul da Faixa de Gaza, num bombardeio israelense. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou lamentar mortes civis, mas ressaltou que são “responsabilidade do Hamas”.
A chefe humanitária da ONU, Valerie Amos, ressaltou que um cessar-fogo é “vital”: 44% do território palestino foi declarado zona proibida pelo exército israelense. “Temos mais de 118 mil pessoas abrigadas em escolas da ONU. As pessoas estão ficando sem comida, e a água também é uma preocupação séria.
Nos dois últimos dias, uma criança morreu a cada hora. Todos deveríamos nos sentar por um momento e pensar nisso”, declarou a funcionária da ONU.