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Cirurgia robótica já é realidade no país

Ela aumenta a precisão do procedimento, reduz riscos ao paciente e cansa menos o cirurgião

Por bferreira

Rio - Sentado a mais de um metro do paciente, com rosto, mãos e pés num aparelho semelhante a um moderno videogame, o cirurgião dá comandos para um robô de quatro braços retirar o tumor. Não se trata de uma previsão para 2050. A cena aconteceu, este ano, no Centro do Rio, no Instituto Nacional de Câncer. O Inca, aliás, é um dos poucos hospitais do Brasil que conta com a chamada cirurgia robótica, que aumenta a precisão dos procedimentos, reduz os riscos ao paciente e ‘poupa’ o físico dos médicos.

José Paulo%2C chefe da seção de Cirurgia Abdominopélvica do Inca%2C acompanha retirada de tumor de pacienteAlexandre Brum / Agência O Dia

A operação, assim como a laparoscopia, é minimamente invasiva — em vez de corte no abdômen, são feitos pequenos furos. E recorre a imagens em vídeo para guiar o especialista. Mas o robô é superior. Entre os quatro braços, um é a câmera, e os outros três, instrumentos cirúrgicos, como pinças e fórceps, que podem ser trocados de acordo com a necessidade do médico. “Os braços do robô são mais precisos e maleáveis do que a mão humana”, diz José Paulo de Jesus, chefe da seção de Cirurgia Abdominopélvica do Inca.

E essa ‘elasticidade’ faz grande diferença para pacientes. Nos casos de tumor na base da língua ou na faringe, por exemplo, para ter acesso ao local sem a tecnologia, os cirurgiões precisam quebrar o osso da face e criar um acesso. Segundo José Paulo, os instrumentos do robô acompanham a anatomia do corpo e o corte na face é descartado. “O cirurgião fica menos cansado e faz 50% mais cirurgias por dia: o tempo gasto é menor”.

No caso da próstata, a qualidade da imagem e a precisão do robô reduzem o risco de algum nervo ser lesionado e o paciente sofrer com impotência sexual ou incontinência urinária após o tratamento.

A cirurgia é utilizada ainda para cirurgias de tumores do aparelho digestivo, ginecológico (útero e ovário) e para retirada de vesícula. “Há certos tumores muito difíceis de serem retirados por laparoscopia e nem todos conseguem. Com o robô, aumentamos o número de cirurgiões aptos”, declara Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo, cirurgião do Hospital Albert Einstein, São Paulo.

Humano é insubstituível

Para usar o robô, o médico precisa saber todas as técnicas da cirurgia convencional. Caso surja algum imprevisto com a máquina, ele tem que concluir a operação com as próprias mãos. O treinamento da cirurgia robótica começa nos Estados Unidos. Mas não há risco de a técnica ocupar o lugar dos profissionais. “A tecnologia não consegue substituir as áreas com raciocínio, interação pessoal e abstração. Pelo menos nesta próxima década”, diz o médico Chao Lung Wen, professor da USP.

VANTAGENS DA TECNOLOGIA

CÂMERA
Ao contrário da laparoscopia, na cirurgia robótica a imagem é em 3D. Além disso, não é um profissional que segura a câmera, como no modo antigo, mas o robô, o que torna a imagem mais estável, dando mais segurança ao médico. Na máquina há pedais que movimentam a câmera e dão zoom nas partes que merecem atenção.

FÍSICO
Em cirurgias convencionais, médicos ficam em pé, mas na robótica toda a equipe fica sentada. Os movimentos são mais delicados, poupam as articulações e exigem menos força física. Os benefícios poderiam aumentar o número de mulheres cirurgiãs.

APARELHOS
O médico precisa de treinamento, sensibilidade e conhecimento da textura de cada tecido humano, para não cortar além da conta com o robô.

REMOTO
Na década de 90, graças à cirurgia robótica, um médico em Nova Iorque operou a vesícula de uma paciente de 68 anos que estava na França. O custo foi de um milhão de euros.

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