Por bferreira

Colômbia - Seis em cada dez mulheres já sofreram algum tipo de abuso sexual em ônibus lotados em Bogotá, capital da Colômbia. Por isso, o governo local resolveu criar um ‘esquadrão secreto feminino’ — com belas policiais à paisana — para combater a ‘mão boba’ no transporte público da cidade. O time tem sete garotas, que se misturam às demais passageiras para flagrar os abusadores.

De salto alto%2C seis das policiais se preparam para mais um dia de trabalho nos ônibus da capital colombianaReprodução

As agentes garantem que não agem como ‘iscas’: elas foram escolhidas para que as próprias vítimas sintam-se menos desconfortáveis na hora em que ocorrem os ‘flagrantes’. As policiais contam com o apoio de quatro colegas do sexo masculino, que intervêm na hora de conduzir os agressores às delegacias, se for necessário. Em duas semanas, o time realizou 17 detenções, ou seja, mais de uma por dia.

Mas a demanda é muito maior. Em média, o sistema Transmilenio de ônibus transporta dois milhões de passageiros por dia em Bogotá. As autoridades não descartam a possibilidade de formar mais esquadrões secretos femininos. Apesar de apenas uma minoria das vítimas registrar queixas, o número de denúncias tem crescido: de 81 em 2013 para mais de 150 nos primeiros oito meses deste ano.

Segundo as agentes, a situação começou a mudar desde que a imprensa local divulgou a iniciativa. “Não temos recebido tantas queixas de abusos como quando nós começamos”, aponta Laura, 22 anos, uma das policiais. “Pode ser que as pessoas estejam pensando duas vezes, porque não querem arriscar assediar uma garota que pode ser uma policial à paisana”, completa Lina Maria Ríos, que comanda as operações.

Agressor tem perfil variado

Os abusadores que atuam nos ônibus têm os mais variados perfis. “São jovens e velhos, ricos e pobres, com aparência estranha e normal”, conta a agente Lina. Por isso, as policiais prestam atenção em qualquer homem que encare seios ou nádegas de mulheres. “Ficamos de olho também naqueles que mantêm as mãos abaixadas quando faria mais sentido segurar nas barras dos ônibus”, acrescenta.

Flagrar criminosos é apenas parte do trabalho do grupo. Ele também é acionado para agir rapidamente após queixas de abusos na rede. A ideia é agir rapidamente para demonstrar que as autoridades levam a questão a sério e evitar que as vítimas deixem de fazer registros.

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