Por leonardo.rocha

Rússia - O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse nesta sexta-feira que vai responder rapidamente com medidas retaliatórias à última rodada de sanções dos Estados Unidos, classificadas por Moscou como outro "passo hostil". "É claro que as nossas medidas retaliatórias não vão te deixar esperando", disse o ministério em um comunicado online.

Presidente russo, Vladimir Putin Reuters


"Vemos a introdução de novas sanções de Washington contra a Rússia como mais um passo hostil, em linha com o caminho de confronto tomado pelo governo norte-americano."

Mais cedo, o ministro da Economia russo, Alexei Ulyukayev, disse que a Rússia vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) devido às sanções ocidentais, disseram agências de notícias locais. "A mais recente rodada de sanções dá razão para recorrermos à OMC. E nós vamos recorrer", disse o ministro à agência RIA em Bruxelas.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira que as novas sanções do Ocidente contra seu país têm como objetivo prejudicar os esforços de paz no leste da Ucrânia e afirmou que o governo russo está considerando adotar medidas de retaliação, mas somente se beneficiarem a Rússia.

Em declarações a jornalistas após um encontro do bloco de segurança da Organização de Cooperação de Xangai, na capital do Tadjiquistão, Dushanbe, Putin disse que as sanções "pareciam um pouco estranhas", tendo em vista a situação de paz no leste da Ucrânia, incluindo um cessar-fogo.

Novas medidas

A União Europeia aprofundou as sanções contra a Rússia nesta sexta-feira por conta de seu papel na crise ucraniana, restringindo o acesso dos maiores bancos russos e de empresas de defesa e energia a linhas de financiamento e congelando os bens de políticos do alto escalão e de líderes rebeldes.

Essas novas medidas aumentam a pressão sobre o presidente russo desde que a Rússia anexou a Crimeia, região da Ucrânia, e enviou soldados para apoiarem os separatistas pró-Rússia no leste ucraniano.

Mas o agravamento das sanções da UE se depara com uma oposição crescente de uma série de países do bloco que temem uma retaliação da Rússia, sua maior fornecedora de energia.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse que a UE está "escolhendo o caminho do rompimento do processo de paz" e que Moscou irá reagir "calmamente, adequadamente e, acima de tudo, baseado na necessidade de defender nossos interesses", segundo relatou a agência de notícias Interfax.

Em um gesto para apaziguar os críticos, a UE afirmou que pode anular algumas ou até todas as sanções dentro de semanas – se Moscou respeitar a frágil trégua na Ucrânia e o plano de paz.

Ao publicar a mais recente lista de sanções, os governos do bloco europeu declararam ser “apropriado adotar novas medidas de restrição em reação às ações da Rússia na desestabilização da Ucrânia".

A Rússia, por sua vez, proibiu todas as importações de alimentos dos EUA e frutas e vegetais da Europa em resposta às sanções anteriores do Ocidente. As próximas reações podem incluir limites à importação de carros usados e outros bens de consumo, teria dito uma autoridade do Kremlin na quinta-feira.

Ao mesmo tempo em que agrava as punições, a União Europeia irá dar mais tempo para que Moscou se ajuste ao pacto de comércio do bloco com a Ucrânia, que será discutido nesta sexta-feira em Bruxelas, disseram diplomatas.

Alvos das sanções

As sanções mais recentes contemplam o congelamento de bens e a proibição de viagens de Igor Lebedev e outros vice-presidentes da câmara baixa do Parlamento russo, de Vladimir Jirinovsky, verborrágico político nacionalista e de uma série de líderes separatistas do leste da Ucrânia.

Outro alvo foi Sergei Chemezov, descrito como associado próximo de Putin desde seus dias como oficial da KGB, o serviço de segurança soviético, na Alemanha Oriental comunista. Chemezov é presidente da Rostec, grupo de ponta do setor de defesa e industrial que inclui a fabricante de armas Rosoboronexport e uma empresa que pretende construir usinas de energia na Crimeia.

Com isso, o total de pessoas sancionadas pela UE chega a 119, e 23 entidades continuam com os bens congelados. As nova sanções também atingem a Rosneft, a Transneft e a Gazprom Neft, as maiores produtoras estatais de petróleo e operadoras de gasodutos.

As medidas europeias não atingem o setor de gás russo, em particular a estatal Gazprom, maior produtora mundial de gás e maior fornecedora da Europa. A UE ainda proibiu a exportação de tecnologia que pode ter uso militar para nove empresas russas, incluindo a Kalashnikov, fabricante do famoso fuzil de assalto AK-47.

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