Por tabata.uchoa

Rio - A Semana Nacional da Doação de Órgãos começa hoje, e o Rio tem motivos para comemorar. Nos últimos três anos, o estado aumentou em 50% o número de transplantes de órgãos e em 300% o de tecidos. Uma série de atividades marcará a data, entre elas uma homenagem à família de Santiago Andrade, que doou os órgãos do cinegrafista da Band, morto em fevereiro quando realizava cobertura jornalística de manifestações.

A família vai receber hoje a Medalha do Doador, concedida pelo programa americano Gift of Life, e vai a Brasília para a abertura nacional da campanha. A filha de Santiago, a jornalista Vanessa Andrade, 29 anos, conta que ela, o pai e a mãe já haviam conversado sobre o gesto e que todos disseram que gostariam de doar os órgãos. De Santiago, foram doados rins, córneas e fígado.

Processo de captação de órgãos precisa ser ágil para que os transplantes sejam bem sucedidosDivulgação

“Já sabíamos que iríamos doar antes de a morte ser declarada. A decisão é rápida e é preciso correr contra o tempo. O gesto ameniza nossa dor e leva vida para outras pessoas. Ficamos muito felizes com a homenagem”, disse ela, acrescentando que o coração não pôde ser doado, pois o cinegrafista tinha 49 anos e o limite é 45.

Além da família de Santiago, serão homenageados os hospitais estaduais que mais captaram órgãos: Adão Pereira Nunes (Saracuruna), Getúlio Vargas (Penha) e Alberto Torres (São Gonçalo).

RINS: FILA GRANDE

Apesar dos avanços, cerca de 50% das famílias de pacientes com morte encefálica não autorizam a doação de órgãos, segundo o coordenador do Programa Estadual de Transplantes, Rodrigo Sarlo. A causa mais frequente da recusa é não acreditar que morte encefálica seja irreversível, já que o coração continua batendo. Ele lembra que o doador não precisa deixar o desejo de doar por escrito e que basta a aprovação da família.Hoje, a maior necessidade de doação é de rim: cerca de 2.400 pessoas aguardam na fila. “Podemos ter a melhor tecnologia do mundo, mas o transplante depende do ‘sim’ de uma pessoa, senão não fazemos nada”, afirma Rodrigo.

Melhoria na captação em hospitais

Na próxima quarta-feira será inaugurada no Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, a segunda Organização de Procura de Órgãos (OPO) da capital fluminense. Em outubro, começam a funcionar as unidades de Itaperuna e Petrópolis. A função da OPO é aumentar a captação de órgãos em hospitais de determinada região.

Segundo Rodrigo Sarlo, hospitais estaduais como Getúlio Vargas, Alberto Torres, Adão Pereira Nunes e Instituto do Cérebro contam com equipes que trabalham, exclusivamente, na captação de órgãos.
Também na quarta-feira, o cardeal arcebispo Dom Orani Tempesta celebra missa, às 15h, no São Francisco de Assis, onde fica o Centro Estadual de Transplantes.

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