Por clarissa.sardenberg

México - A médica María del Rosario Fuentes Rubio foi sequestrada e morta após deixar o hospital onde trabalhava em Reynosa, no México. Sob o apelido de "Felina", María manteve por meses um perfil no Twitter e fazia denúncias sobre a violência em larga escala cometida por cartéis de drogas no estado de Tamaulipas. O crime aconteceu no último dia 16. A família da vítima deixou o país após o assassinato, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras.

"Amigos e familiares, meu nome verdadeiro é Maria Del Rosario Fuentes Rubio. Sou médica e hoje minha vida chegou ao fim", dizia a última mensagem publicada no Twitter de María. "Cancelem suas contas, não coloquem em risco a vida de seus familiares como eu fiz. Peçam perdão", continuava. Logo após isso, imagens do corpo de María foram publicadas pela conta.

Homenagem feita na web para mexicana María del Rosario Fuentes Rubio Reprodução Facebook

As mensagens publicadas no perfil do Twitter sempre incentivavam a população a denunciar as atrocidades cometidas no país. A conta @Miut3 tinha mais de 510 mil seguidores, sendo um influente perfil de notícias online. O México é um dos países mais perigosos para o trabalho de jornalistas. Sete profissionais foram mortos nos últimos dois anos, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras.

"A Repórteres Sem Fronteiras está chocada com a morte de María del Rosario Fuentes Rubio e pede ao governo que faça uma investigação exaustiva para identificar os responsáveis o mais rápido possível", comentou a diretora da organização sobre o caso.

Prefeito, esposa e traficantes são implicados por sumiço de estudantes

O caso de María ocorre em um período marcado pela violência no México. Um prefeito e sua esposa, em cumplicidade com um cartel criminoso, teriam planejado o desaparecimento de 43 estudantes no sul do país, em um caso que abalou o país e colocou dúvidas sobre a estratégia de segurança do governo.

O prefeito da cidade de Iguala, José Luis Abarca, e sua esposa, María de los Angeles Pineda, queriam impedir que uma mobilização de estudantes, em 26 de setembro, interferisse com um ato da primeira-dama, que ela faria como chefe de uma entidade de assistência a menores, disse na quarta-feira o procurador federal Jesús Murillo.

O casal, que trabalhava em cumplicidade com o cartel Guerreiros Unidos e que também tinha o apoio da polícia municipal, ordenou que os estudantes fossem contidos ao virem em um comboio em direção a Iguala, que fica no Estado de Guerrero, após terem tomado ônibus para coletar dinheiro para a escola rural onde estudavam.

Você pode gostar