Por bferreira

Rio - Novo remédio contra impotência sexual, 50% mais ‘poderoso’ do que o Viagra, pode estar disponível no país em breve. Pesquisadores da Universidade de Franca (Unifran), no interior de São Paulo, descobriram que uma pimenta da Indonésia foi capaz de provocar ereção em camundongos de laboratório. Além de mais eficaz, o ‘viagra verde’ teria menos efeitos colaterais do que a ‘pílula azul’ e outros medicamentos já disponíveis.

Márcio Luís é o farmacêutico da Universidade de Franca%2C no interior de São Paulo%2C que coordenou as pesquisas com a molécula retirada da planta Piper cubebaDivulgação

A molécula responsável pela ereção nas cobaias foi retirada da planta Piper cubeba, também conhecida como pimenta-de-java. De acordo com o coordenador da pesquisa, o farmacêutico Márcio Luís Andrade e Silva, o objetivo inicial do estudo, que começou em 1998, era combater o parasita causador da Doença de Chagas.

Mas, no meio do processo, os cientistas notaram que a molécula base — de onde sairiam as moléculas para combater o Chagas — causaram ereção num camundongo.

Márcio Luís afirma ainda que testou as conhecidas ‘pílulas azuis’ nas cobaias e notou que a substância retirada da planta apresentou melhores resultados: “Nossa molécula é mais eficaz que o Viagra, proporcionando um tempo de ereção maior”.

A meta é que, em quatro anos, um novo fármaco feito com a pimenta esteja disponível no Brasil. Segundo o pesquisador, já há negociação com uma empresa (o nome não pode ser revelado), mas antes de chegar às prateleiras serão necessários outros passos, incluindo testes clínicos em humanos. “Se depender dos últimos resultados, teremos muitas coisas boas no futuro”, antecipa.

O especialista disse ter verificado, após análise do corpo cavernoso dos animais (estrutura do interior do pênis), que este enche-se mais de sangue com o ‘viagra verde’ do que com o medicamento já existente. “Isso significa uma ereção mais completa. Outro ponto relevante é o estímulo da ejaculação, o que não ocorre com o Viagra”, explicou o cientista.

Ainda segundo o farmacêutico, em vez de aumentar a frequência cardíaca — como ocorre com usuários do Viagra —, a molécula natural reduz batimentos. Além disso, não foram constatadas ocorrências de vermelhidão, ansiedade e hiperatividade, também presentes no uso do remédio.

Descoberta inovadora

A molécula que combate a disfunção erétil inibe a enzima fosfodiesteraze tipo 5, o que favorece a ereção, mecanismo semelhante ao de drogas já existentes no mercado. Marcio Luís lembra que a ação é reversível e que o pênis dos camundongos voltaram ao estado normal na pesquisa. Em 2004, o efeito foi observado pela primeira vez.

Cinco anos mais tarde, a equipe da Unifran voltou a estudar o assunto e confirmou o efeito da molécula na ereção. Este ano, diz o pesquisador, foi depositada a patente nos Estados Unidos, Europa, Japão e no Brasil. “A descoberta foi considerada de extrema inovação”.

A planta é nativa da Indonésia e usada na culinária também na Índia. Mas o farmacêutico alerta que não adianta ingeri-la esperando efeito ‘afrodisíaco’: o estudo foi feito com uma molécula isolada.

Sobre a pesquisa relacionada à Doença de Chagas, Márcio Luís conta que conseguiu desenvolver uma molécula que trata a doença, sem ser tóxica. “Se tivéssemos o medicamento pronto, poderíamos reduzir ou acabar com a doença. Aguardo financiamento”.

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