Por bferreira
Rio - O laboratório farmacêutico Pfizer anunciou ontem que vai buscar acordo com 150 pacientes australianos que entraram na Justiça pedindo indenização por efeitos colaterais provocados pelo remédio Cabaser, utilizado no tratamento do Mal de Parkinson. Após tomarem o medicamento, os consumidores desenvolveram vício em jogos de azar ou sexo.
Embora esta droga não seja usada no Brasil, há chance de o grupo de medicamentos prescrito no país também provocar alterações comportamentais nos pacientes. “Os remédios do Brasil agem em áreas do cérebro onde a chance de mudarem o comportamento é menor, mas o risco nunca é zero”, diz o neurologista André Lima. O Cabaser não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a cabergolina, seu princípio ativo, não é usada para combater a doença no Brasil.
Publicidade
De acordo com o especialista, o Cabaser é mais perigoso porque sua ação se dá diretamente nas amígdalas cerebrais. “Essa região é a responsável pelo controle das atividades emocionais. Uma alteração nesta área pode desencadear uma maior desinibição no paciente”, explica.
Coordenador do setor de toxicologia da Escola Nacional de Saúde Pública, Francisco Paumgartten alerta que, apesar do risco representado pelo remédio, o aparecimento de vícios está relacionado a uma predisposição do paciente. “O produto atua retirando os freios que a pessoa se colocava, e ela passa a manifestar mais claramente uma intenção que já possuía”, afirma ele.
Publicidade
Remédios contra Mal de Parkinson usados no Brasil têm como efeitos colaterais mais comuns baixa da pressão arterial, depressão e alucinações visuais.