Por bferreira
Rio - A espera pelo Bom Velhinho carregado de presentes em cima de um trenó deixa a maioria das crianças ansiosa e feliz quando se aproxima o Natal. É muito comum ver um tio fantasiado com a barba, a roupa vermelha e o saco cheio de brinquedos encantando os pequenos da família. Mas será que existe o momento certo de contar que o Papai Noel é, na verdade, uma magia? Especialistas dizem que sim.
Bento%2C 3%2C e Teo%2C 4%2C com a mãe%2C Alessandra%3A para eles%2C Papai Noel vem de helicóptero e come castanhasAndré Mourão / Agência O Dia

Sempre surge o momento em que a garotada começa a ter dúvidas. Frases como ‘Onde estava meu tio quando o Papai Noel apareceu?’ ou ‘Minha irmã disse que Papai Noel não existe!’ normalmente deixam os pais em apuros. Segundo Andreia Calçada, psicóloga e psicoterapeuta, o questionamento surge por volta dos 7 anos.

Ela explica que, de acordo com o desenvolvimento cognitivo infantil, é nesta idade que a criança começa a sair da fase da fantasia e a entender o mundo ‘concreto’. Além disso, é a época do maior contato, na escola, com pessoas mais velhas, o que aumenta as chances de ‘sacar’ que o Bom Velhinho não existe. “É uma fase normal do desenvolvimento, em que a criança começa a racionar de forma mais lógica e sai da fantasia”, explica.

A psicóloga e professora da Faculdade de Educação da Unicamp Ana Maria Falcão de Aragão diz que os pais devem abrir o jogo justamente quando surgirem as dúvidas. “Quando a criança começar a perguntar, e se ela quiser saber a resposta, aí sim deve haver uma conversa”. Ela lembra que os responsáveis devem explicar que a intenção não era enganar o filho ou fazê-lo de ‘bobo’, mas sim de despertar a vontade de sonhar. “A criança deve saber que sonhar é fundamental para os pequenos e também para os adultos”.
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De fato, não há nada de errado nos menorezinhos acreditarem em Papai Noel. Alimentar a capacidade de sonhar dos filhos é saudável e recomendado antes de as dúvidas surgirem. “A vida tem dois lados: o lado real e algumas vezes duro, do dia a dia, e o lado dos sonhos, dos desejos, que é fundamental trabalhar nas crianças,” defende Ana Maria.
Para Teo, 4 anos, e Bento, 3, o Papai Noel ainda existe e anda de helicóptero. A professora e mãe dos meninos, Alessandra Durão, 34, conta que sempre incentivou os filhos a acreditarem em personagem mágicos e que, no fim do ano, coloca castanhas na mesa. No dia seguinte, eles encontram farelos e acham que foi o Bom Velhinho que comeu. “Minha mãe fazia a mesma coisa comigo, faz parte da infância imaginar”, conta. A professora também faz questão de passar para os pequenos a verdadeira mensagem do Natal, lendo histórias do nascimento de Jesus.
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Verdade também valoriza esforço dos pais no trabalho
Se o questionamento em relação à existência do Papai Noel não aparecer até os 10 anos, diz Andreia Calçada, cabe aos pais mostrar a verdade. A mesma regra vale para outros personagens como Coelho da Páscoa, Fada do Dente e as bruxas.
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“Caso contrário, a criança pode ser alvo de chacota na escola”, comenta Andreia .
A especialista acrescenta que um dos benefícios de os pequenos deixarem de acreditar no Bom Velhinho é o reconhecimento do esforço dos pais em comprar presentes. “A criança percebe que os pais trabalharam pesado para pagar o presente de Natal. Se ficasse só na fantasia do Papai Noel, não iria reconhecer o valor real das coisas”, aponta.
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Já Ana Maria lembra que é bom não associar os presentes, ou a falta deles, a bom ou mau comportamento. Isso porque alguns pais, às vezes, se deparam com pedidos, nas cartinhas dos filhos, que não podem comprar.
“Lembro de uma menina que, por não ter ganho o presente que pediu, ficou se perguntando se tinha se comportado mal durante o ano”.
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