Por joyce.caetano

Roma - O Papa Francisco surpreendeu ao proferir mensagem de Natal em que pediu que cardeais façam exame de consciência, diante do que chamou de “Alzheimer espiritual” — esquecimento do fervor da fé. Esta e outras “doenças”, segundo ele, afetam a Cúria. Em seu discurso anual, de severidade inédita, o Papa falou aos integrantes do governo da Igreja Católica sobre rivalidades, calúnias e intrigas dentro do clero.

Papa Francisco discursa durante reunião tradicional de Natal para membros da Cúria RomanaEfe

Francisco usou expressões fortes, como “terrorismo do falatório”, “esquizofrenia existencial”, “exibicionismo mundano”, “narcisismo falso” e “rivalidades pela glória”. Diante de cardeais e altos funcionários da Santa Sé desconcertados, o Papa pediu reflexão, penitência e confissão por ocasião do período natalino. Depois do discurso, o Francisco saudou um a um todos os cardeais, apesar da tensão.

Uma das doenças a que se referiu foi a de “sentir-se imortal e insubstituível”. “É preciso visitar os cemitérios para ver os nomes de tantas pessoas que se consideravam imunes e indispensáveis”, disparou. Ele citou ainda a “petrificação mental e espiritual”, “má coordenação”, “rivalidade e vanglória”.

Na lista, o pontífice incluiu também a “esquizofrenia existencial” de quem, segundo ele, “esquece que está a serviço das pessoas” e “apenas se limita a realizar trâmites burocráticos”; e dos que somente dependem “de suas próprias paixões, caprichos e manias e constroem a seu redor muros e costumes”.

O tom foi ainda mais severo quando mencionou a doença das “fofocas e das intrigas”, e pediu que todos se protejam desse tipo de atitude pelos danos que provoca.
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‘Sacerdotes, como aviões, são notícia quando caem’
O Papa Francisco não parou por aí. Chegou a dizer que “os sacerdotes, como os aviões, são notícia apenas quando caem”. Em seguida, concluiu com uma advertência: “Quanto mal pode causar a todo o corpo da Igreja um único sacerdote que cai!”. Segundo a imprensa especializada, ele se referia aos escândalos sexuais e financeiros, envolvendo casos de pedofilia cometidos por integrantes do clero, além de lavagem de dinheiro no Banco do Vaticano. Francisco, que rejeita a ostentação, ainda incluiu entre os males da Igreja atual os hábitos de “acumular bens materiais” e de pertencer “a círculos fechados”.
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Outro tema que faz o Papa endurecer, segundo os jornais locais, é o vazamento de notícias por parte de membros da Cúria. Os problemas marcaram o pontificado de seu antecessor, o Papa Emérito Bento XVI.
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