Por paulo.lima
Arábia Saudita - Um blogueiro foi condenado a dez anos de prisão e mil chibatadas por "insultar o islã" e desobediência. Raif Badawi, que tinha um blog de ideais liberais onde defedia a difusão entre religião e Estado e fazia críticas à elite política e religiosa saudita, recebeu as primeiras 50 chicotadas em praça pública após as rezas da última sexta-feira na cidade de Jidá, na Arábia Saudita.
Não houve nenhuma explicação do governo para a comunidade internacional, que reagiu contra a condenação do blogueiro, que devem continuar a receber as punições corporais por mais 19 semanas. "A cena foi terrível. Cada açoite me matava", disse a esposa de Badawi, Esnaf Haidar, em entrevista à rede de notícias americana CNN.
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Em comunicado, a Anistia Internacional informou que um médico examinou Raif Badawi e este concluiu que as feridas no corpo do blogueiro não haviam cicatrizado e ele não seria capaz de suportar outra rodada de chibatadas. O reino ainda vai analisar se as punições serão adiadas, mas não há informações de suspensão da pena.
"É uma forma de punição cruel e desumana", disse o comissário da ONU para direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, em comunicado. "Tal punição é proibida pela lei internacional de direitos humanos", concluiu. Em entrevista ao canal alemão DW, a representante da Anistia Internacional Ruth Jüttner condenou a punição imposta para o blogueiro.
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"Esta é uma terrível violação dos direitos humanos (...) Esses açoites são comparáveis a tortura, e exigimos que a pena seja suspensa e que Raif Badawi seja libertado da prisão", disse Ruth, que levou uma reivindicação para a embaixada saudita na Alemanha na quinta-feira passada. No documento, a Anistia Internacional entregou mais de 50 mil cartas de protesto à embaixada.
O reino foi acusado de hipocrisia após oficiais sauditas condenarem o atentado contra a revista francesa Charlie Hebdo. "O reino condena fortemente e denuncia esse ataque terrorista covarde, incompatível com o islã", declarou o reino saudita em comunicado. O embaixador da Arábia Saudita na França também participou da marcha que reuniu mais de 4 milhões de pessoas pelas ruas de Paris.