Por tamara.coimbra
Grécia - O partido de extrema esquerda Syriza venceu as eleições realizadas neste domingo na Grécia com 36% do apoio do eleitorado. Com isso, o novo primeiro-ministro do país deve ser Alexis Tsipras, de 40 anos, conhecido por sua oposição às medidas de austeridade, implantadas no país nos últimos cinco anos de crise econômica e cortes de despesas.
A Coalizão de Esquerda Radical (Syriza) defende a renegociação da dívida de 321 bilhões de euros com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
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Alexis Tsipras%2C líder da oposição e chefe do partido radical Syriza da esquerda%2C cumprimenta os simpatizantes após os resultados das eleiçõesEFE

Com a legislação eleitoral grega, o Syriza ficou perto de conquistar a maioria absoluta dos 151 deputados do Parlamento, já que existe um bônus de 50 assentos na Câmara dado ao vencedor das eleições. Mesmo sem a maioria, será fácil para o Syriza formar uma aliança progressista com partidos de esquerda e centro-esquerda.

De acordo com a apuração, as outras legendas, como a Nova Democracia, a Aurora Dourada e o To Potami ficaram com 27%, 6,2% e 6% dos votos, respectivamente. Já o Partido Comunista conquistou 5,47%, e os indepententes, 4,75%.
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Na noite deste domingo, Tsipras fez um pronunciamento de vitória diante de milhares de apoiadores na capital do país, Atenas.
"Hoje o povo grego fez história. O povo grego deu uma ordem clara: a Grécia vira a página, abandona a austeridade, a catástrofe, deixa o medo para trás, anula o acordo de austeridade com a troika, que é passado", disse o líder político.
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O juramento do novo governo deve ocorrer nesta terça ou quarta-feira.
Reações
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Os mercados europeus e asiáticos reagiram com agitação nesta segunda-feira aos resultados eleitorais gregos. A Bolsa de Milão registrou queda de 1,14%, enquanto a Bolsa de Tóquio fechou em baixa de 0,25%. O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, garantiu que o novo governo grego será intimado a cumprir seus acordos com a UE.
"Tsipras será tratado como qualquer outro chefe de Governo que venceu eleições", afirmou.
"Entre o que é dito em campanha eleitoral e o que é realmente aplicavável há grandes diferenças", ressaltou Schulz.
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Vitória amplia incertezas sobre futuro da Grécia
Estimativas oficiais indicam uma vitória clara do partido de extrema esquerda Syriza nas eleições gregas deste domingo. Ainda não há certeza, porém, sobre se o partido tem votos suficientes para governar o país sozinho ou se precisará fazer uma coalizão com outros grupos políticos.

Segundo pesquisas de boca de urna, o Syriza teria conseguido entre 36% e 38% dos votos e o Nova Democracia, partido do atual primeiro-ministro Antonis Samaras, entre 26% e 28%.

Partidários comemoram com Alexis Tsipras o resultado das eleições gerais da Grécia EFE

Para ter maioria absoluta, o Syriza precisa conquistar 151 cadeiras no parlamento e, segundo as pesquisas, deve ficar com algo entre 148 e 154 assentos. O terceiro lugar na votação é disputado pelo partido de extrema direita Aurora Dourada e o centrista O Rio.

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Samaras teria admitido a derrota e telefonado para o líder do Syriza, Alexis Tsipras, para parabenizá-lo.
"Hoje os gregos fizeram história", disse Tsipras em um discurso para simpatizantes.
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Segundo o líder do Syriza, os eleitores teriam dado ao partido "um mandato claro e poderoso".
"A troika é coisa do passado para os gregos", disse, referindo-se a União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) — principais credores internacionais da Grécia, que têm imposto ao país medidas como cortes de gastos públicos e aumentos de impostos.
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Incertezas
Esta será a primeira vez que um partido antiausteridade toma o poder na zona do euro e há muita incerteza sobre como ficará a relação entre a Grécia e o resto da União Europeia. Especula-se até sobre um possível abandono do euro pelos gregos.
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Alguns analistas também acreditam que, com a vitória do Syriza, outros partidos de extrema esquerda europeus podem ganhar fôlego — como o podemos, na Espanha.
"Está claro que temos uma vitória histórica, imbuída de uma mensagem que interessa não só ao povo grego, mas a todos os europeus", disse Panos Skourletis, porta-voz do partido, a emissoras de TV gregas.
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Entre as propostas de Tsipras estão uma renegociação da dívida externa da Grécia, que atualmente corresponde a 175% do seu Produto Interno Bruto (PIB), e a reversão das medidas de austeridade adotadas pelo país como parte dos acordos com UE, BCE e FMI.
Nos últimos anos, a economia grega encolheu 25%, o desemprego chegou a 26% (sendo de 50% para os jovens) e milhares de gregos caíram para abaixo da linha da pobreza.
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O descontentamento com esse cenário foi o que impulsionou o apoio ao Syriza.