Por felipe.martins

Rio - O universo paralelo para onde os adolescentes se transportam quando estão conectados já não é mais livre da presença dos pais. Mensagens, postagens em redes sociais e até localização podem ser acompanhadas pelos responsáveis, graças a uma série de aplicativos que rastreiam o aparelho dos filhos. Invasão de privacidade, neurose ou gesto necessário para quem tem o papel de educar? Não há consenso entre os especialistas.

Há opções para todas as necessidades. Um deles, o ‘TeenSafe’ (‘Adolescente Seguro’), relata aos pais conteúdos das redes sociais, mensagens enviadas e até deletadas, em aplicativos como WhatsApp. Já o ‘MamaBear’ (‘Mamão Urso’) conecta toda família de uma só vez e, além de dados das redes sociais, dá a localização de todos. Os pais podem ainda selecionar palavras consideradas ‘impróprias’ para uso nas postagens dos filhos. E, claro, cada vez que elas forem usadas, os responsáveis ficam sabendo.

Aplicativos permitem que a vida virtual dos filhos seja rastreadaArte%3A O Dia

Em ambos os casos é preciso saber login e senha dos filhos para ter acesso aos ‘relatórios’. Há aplicativos gratuitos e é possível baixá-los no Brasil, mas alguns só funcionam em Iphone. Para o psiquiatra Fábio Barbirato, chefe da Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia, não se trata de invasão de privacidade. Pelo contrário, ele considera dever dos responsáveis acompanhar atividades e amizades dos pequenos, inclusive no meio virtual. “Os pais têm o dever de controlar tudo o que está acontecendo. A criança não tem maturidade para saber o que está fazendo e pode acabar expondo toda família a uma situação mais grave”, avalia.

SEM AMEAÇAS

No caso do ‘TeenSafe’, o aplicativo pode funcionar secretamente. Mas o psiquiatra afirma que os filhos devem ter ciência de que os pais têm acesso às atividades virtuais. Além disso, diz Barbirato, os mecanismos de controle não devem ser usados como ameaça do tipo ‘Se não me obedecer, vou te bisbilhotar’. “Os responsáveis não devem ficar preocupados se os filhos ficarão ou não chateados. Educar e dar limites também são formas de amar”, afirma.

Andreia Calçada, psicóloga e psicoterapeuta, concorda que é importante saber o que os filhos fazem na internet, mas considera os aplicativos excessivos, sobretudo se a intenção dos pais é proteger os filhos da violência. “Em alguns momentos, pode ser útil ter o aplicativo, para saber onde o filho está. Mas tenho visto muitos pais neuróticos em relação à segurança e com dificuldade de deixar os filhos serem mais independentes”, cita.

Para ela, é importante que os pais estabeleçam uma relação de confiança com os filhos. Andreia lembra ainda que adolescentes podem burlar o aplicativo dos pais e ‘aprontar’ por outros meios. “Monitorar tudo do adolescente pode ser invasivo. É como a mãe ler o diário da filha”.

TEM DE TUDO

TEENSAFE

Mostra tudo o que é postado em redes sociais, dá acesso a mensagens de texto enviadas e deletadas, em aplicativos como WhatsApp, Snapchat e bate-papo do Facebook. Há ainda a opção de bloquear pornografia e de limitar o tempo que o jovem passa online. Além de no smartphone (Android e Iphone), pode ser utilizado no computador (Windows XP, 7 e 8). Custa 39 dólares (R$ 105) por ano.

MAMA BEAR

O aplicativo é usado para conectar toda a família. Alertas são enviadaos quando alguém está acima do limite de velocidade ou saiu de um determinado perímetro pré-estabelecido. Há também o controle das redes sociais. Não existe a opção de usar o aplicativo secretamente.

TIME AWAY

Permite que os pais controlem o tempo online e limitem o uso de aplicativos. Além disso, informa sobre a localização dos adolescentes. É grátis e compatível apenas com Android.

CANARY

Compatível com Android e Iphone, o aplicativo avisa aos pais se o smartphone dos filhos está sendo usado (para mandar mensagem, ligar ou acessar redes sociais) enquanto eles dirigem a mais de 20km/h. Há alerta também quando o automóvel está em alta velocidade. É possível ainda criar espaços considerados seguros para o filho transitar. O aplicativo é de graça por uma semana. Depois, é preciso pagar R$ 49 (14,99 dólares).

MMGUARDIAN

Permite localizar o celular do filho, monitora mensagens enviadas e controla o uso do aparelho. Por exemplo, é possível bloquear o uso do smartphone durante o período da aula. Assim como o Canary, o MMGuardian também restringe direção e uso do celular simultaneamente. Custa R$ 10 por mês.

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