Rio - A castanha-do-brasil tem a capacidade de melhorar funções cerebrais de idosos, como fluência verbal, memória e atenção. O alto teor de selênio no alimento, também conhecido como castanha-do-pará, é o responsável pelo benefício, já que o mineral produz enzimas antioxidantes no organismo. A conclusão é de pesquisa da nutricionista Bárbara Cardoso, da USP.
Durante o estudo, ela analisou 20 pessoas, frequentadoras do Ambulatório de Memória do Idoso da Faculdade de Medicina da USP. Entre os participantes, 95% apresentavam deficiência do composto. A pesquisadora dividiu os voluntários em dois grupos: um ingeriu uma castanha diariamente e o outro, nenhuma. Os idosos que a consumiram passaram ainda por testes neuropsicológicos para avaliar os domínios mentais.
Após 6 meses, todos os que ingeriram o alimento melhoraram a insuficiência de selênio e a fluência verbal, principalmente os que tinham comprometimento cognitivo leve (CCL), considerado estágio intermediário entre envelhecimento normal e demências.
Segundo Bárbara, esse mineral é um nutriente antioxidante, que combate a formação de radicais livres. “O selênio atua por meio de selenoproteínas no corpo. Os radicais livres têm participação na doença de Alzheimer. Acreditamos, portanto, que ao aumentar a oferta de selênio, diminuímos o número dos radicais, e as chances de ter Alzheimer caem”, explica a nutricionista, que fez o estudo no Laboratório de Nutrição-Minerais da USP.
A pesquisadora destaca que o excesso de radiciais livres no organismo está relacionado ao declínio das funções cognitivas. Pacientes com CCL apresentam maiores níveis de radiciais e menor quantidade de selênio. “Com o avanço da idade, os neurônios apresentam maior ineficiência no processo de energia. E a capacidade do sistema antioxidante, que combate os radicais, tende a se reduzir”, acrescenta a especialista.
Apesar do efeito benéfico em idosos, Bárbara sugere que as pessoas comam apenas uma unidade de castanha por dia, por causa da alta concentração de selênio. “Duas unidades já excederiam o limite máximo recomendado para o consumo diário do mineral”, alerta a nutricionista.