Por tamara.coimbra

Tailândia - A procuradoria da Tailândia apresentou nesta quinta-feira uma denúncia contra a ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra por negligência em relação aos prejuízos e casos de corrupção do sistema de subsídios aos produtores de arroz. No mês passado, Yingluck foi inabilitada da política por cinco anos, após decisão do parlamento escolhido a dedo pela junta militar que derrubou seu governo, e agora pode ser condenada a mais de 10 anos de prisão.

Ex-primeira-ministra da Tailândia, Yingluck ShinawatraReuters

"A equipe da procuradoria vai trabalhar com justiça, rapidez e prudência neste caso", declarou o procurador de Estado, Surasak Treerattanakul, na saída da audiência.

A Suprema Corte do país estabelecerá um painel de nove membros que decidirá, no dia 19 de março, se aceita a denúncia apresentada pela procuradoria e dá início ao processo, que pode levar até um ano. A ex-primeira-ministra se declarou inocente das acusações relacionadas com o plano de subsídios, que consistia na compra de arroz dos agricultores por preços superiores aos aplicados no mercado.

Segundo a comissão anticorrupção, o plano causou perdas de 518 milhões de bats (cerca de US$ 16 milhões), fomentou a corrupção e causou danos aos agricultores pelo atraso dos pagamentos.

O advogado de Yingluck, Norawit Larlaeng, disse que a ex-primeira-ministra está disposta a comparecer diante do juiz para seguir com o processo se a Suprema Corte aceitar a acusação, mas denunciou que a ex-premiê "não recebeu justiça suficiente".

O presidente da Comissão Nacional Anticorrupção, Panthep Klanarongran, sugeriu esta semana ao Ministério da Economia que abra um processo contra Yingluck e reivindique que ela devolva os valores equivalentes às perdas causadas pelo plano de subsídio. A procuradoria informou que, até o momento, não existe nenhuma sentença definitiva por corrupção relacionada com os subsídios ao arroz.

A ex-chefe de governo foi forçada a renunciar em maio do ano passado pelo Tribunal Constitucional, que a acusou de abuso de poder e de violar a Constituição na promoção de um funcionário do alto escalão, dias antes de o Exército tomar o poder em um golpe de Estado.

Yingluck se tornou premiê do país após vencer com maioria absoluta as eleições de 2011, à frente de um dos partidos criados por seu irmão e ex-primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra, também deposto por um golpe, em 2006, e atualmente no exílio em Dubai, desde que foi condenado em 2008 na Tailândia por abuso de poder.

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