Por felipe.martins

Rio - Aos 4 anos, Raissa Victória não sabe o que é um abraço apertado de mãe ou pai. Na hora do banho ou de trocar de roupa, diariamente, chora com dores que fariam um adulto se desesperar. A pequena é portadora de epidermólise bolhosa, doença genética rara, também conhecida como Síndrome da Borboleta, que provoca feridas na pele com o toque. E que não tem cura no Brasil.

“Ela grita para não a molharmos porque dói demais. Minha mulher sofre muito todos os dias”, diz o pai, Jonas Siqueira, 35 anos. A menina passa os dias no ar condicionado, porque o calor acelera a produção de bolhas. Quando ela tinha 60 dias de vida, Jonas e a esposa, Silcéia Santos, 35, decidiram se mudar de Resende, sul fluminense, onde moravam, para São Luís Gonzaga, Rio Grande do Sul, em busca de clima mais fresco. 

Raissa com os pais%2C Silcéia e Jonas%3A menina ainda mantém a alegria de criança%2C mas sofre com doresReprodução Facebook

Raissa também tem problemas ao comer, já que a doença causa feridas na mucosa bucal e no esôfago. “Ela se engasga com alimentos sólidos e temos de bater tudo que ela come”, explica Jonas. Além de todas as dificuldades físicas, Raissa e as outras cerca de 350 pessoas que convivem com a doença no país têm de enfrentar o preconceito, conta a dermatologista Ana Mósca. “Os portadores sofrem muito com a rejeição social. Pessoas desinformadas ficam horrorizadas com as feridas e temem o contágio”, aponta.

Os pais da menina temem a reação de estranhos, mas pretendem colocar Raissa na escola este mês. “Nosso medo maior é de como os outros pais vão reagir. Mas a escola já está trabalhando com os alunos sobre a chegada dela. Precisamos lhe dar a vida mais normal possível”, aponta Jonas. Portadores da doença também sofrem de anemia pela constante perda de sangue nas feridas. Em casos ainda mais graves, a deficiência na produção de colágeno acarreta bolhas nas mãos e pés que provocam deformações e dificuldades de locomoção.

Campanha para custear tratamento

Método experimental da Universidade de Minnesota, Estados Unidos, pode ser a salvação para Raissa. Para custear o tratamento, que envolve um transplante de medula, seus pais, Jonas e Silcéia, lançaram a campanha ‘Para poder abraçar’. Dos R$ 3,5 milhões necessários para os seis meses de permanência fora do país, R$ 1,4 milhão já foi arrecadado. Para colaborar com o projeto, já apoiado por nomes como Neymar e Thiaguinho, acesse www.parapoderabracar.com.br.


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