Por tabata.uchoa
Clique na imagem para ver o infográfico completoAgência O Dia

Rio - Se o leitor é do sexo feminino, provavelmente não vai conseguir terminar este texto (talvez, esta frase) sem ser interrompido para resolver alguma questão em casa. No Dia Internacional da Mulher, um reconhecimento: a jornada de trabalho delas pode chegar a 13 horas por dia. Pesquisa da Unicamp colocou no papel quanto tempo, em média, elas gastam para se desdobrar entre administrar o lar e a rotina dos filhos... Para dar conta de todas as tarefas, são cerca de cinco horas por dia de ‘expediente’ — sem falar no tempo gasto no trânsito e nas oito horas no escritório.

A dupla e às vezes tripla jornada das mulheres é o principal aspecto abordado na pesquisa ‘Trabalho feminino e vida familiar: escolhas e constrangimentos na vida das mulheres no início do século 21’. Segundo a pesquisadora, a cientista social, Glaucia dos Santos Marcondes, mesmo quando a mulher não arregaça as mangas para, por exemplo, fazer faxina e comida, a expectativa é que ela gerencie quem ficará responsável pelas atividades, seja uma empregada ou parente.

Isto significa tomar decisões o tempo todo, determinar o que será feito, pensar o que precisa ser providenciado e cobrar — o que dá muito trabalho e dor de cabeça. “Normalmente é a mulher que contrata a empregada e escolhe a creche ou a escola dos filhos”, exemplifica, acrescentando que o cuidado dos filhos é o que elas conseguem melhor negociar com os maridos para que assumam.

Mas por que quase tudo fica na conta delas? Para Glaucia, tem a ver com o fato de as mulheres gerarem filhos. “Isso acarreta uma visão de que naturalmente elas estariam mais aptas a cuidar do que os homens”. E essa concepção também ficou evidente na pesquisa. A média de tempo dedicada ao lar declarada pelos homens fica em torno de 9 horas semanais, em contraste com as 20 das mulheres.

O QUE FAZER, ENTÃO?

A cientista social lembra, porém, que em alguns casos há resistência delas em abrir mão de um espaço em que exercem poder. Segundo Glaucia, uma queixa masculina comum é a de que quando fazem algo, são criticados por não executar direito. “Muitas dizem que acabam tomando a frente porque os maridos ou filhos demoram muito e não fazem bem feito”. Para que as relações fiquem mais igualitárias, dia ela, é preciso desde cedo inserir crianças em ações voltadas para o cuidado e o afeto, e não deixar essa questão apenas para as meninas. “Enquanto isso não acontece, a tensão de articular vida profissional e familiar continuará consumindo grande parte do tempo das mulheres”.

Cansaço e estresse: risco cardíaco

Cansaço, estresse e o pouco tempo para alimentação saudável, situações típicas de quem tem jornada dupla, podem prejudicar a saúde do coração, alerta Carlos Costa Magalhães, da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Ele lembra que a mulher com excesso de trabalho tem menos condição de combater os fatores que causam doenças cardíacos.

“Há dificuldade em fazer dieta, porque não sobra tempo para almoçar direito. Elas também não conseguem se exercitar”, disse, acrescentando que falta de sono e estresse também são fatores de risco para o coração.

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