Por bferreira

Rio - Condenado à morte por entrar na Indonésia com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas, o paranaense Rodrigo Gularte, 42, recusou-se ontem a fazer seus três últimos pedidos em vida, como permite a legislação do país. Diagnosticado com esquizofrenia, preso desde 2004, ele não acredita que será fuzilado, já que uma reunião internacional de procuradores teria abolido a pena capital em todo o planeta, segundo afirma.

“Isso é alguma coisa como Aladim (personagem de um conto)? Não preciso disso”, disse ele, segundo relato de seu advogado, Ricky Gunawan. Hoje, Gunawan entra com um novo pedido de revisão da pena. Prima de Gularte, Angelita Muxfeldt esteve na prisão ontem, junto a um pastor, e mais tarde participou de um protesto que reuniu os familiares dos outros oito condenados à morte, que deverão ser executados até amanhã. Os prisioneiros são da Nigéria, Gana, Filipinas e Austrália. O presidente Joko Widodo, que ao assumir retomou os pelotões de fuzilamento, suspensos há cinco anos, tem forte apoio popular para a medida. Só este ano seis prisioneiros já foram fuzilados.

O comportamento de Gularte, que vem alternando momentos de delírio com outros de lucidez, refirma o propósito de usar seu diagnóstico para conseguir a comutação da pena — o fuzilamento do francês Serge Atlaoui foi suspenso por tempo indeterminado, mas as razões não foram divulgadas. Pelas leis indonésias, doentes com problemas mentais não podem ser condenados à morte. No recurso a principal alegação da defesa do brasileiro será seu longo histórico de problemas mentais.

“Não há nenhuma prova de que ele estava bem quando foi preso. Temos evidencias de que ele tem problemas mentais desde 1982”, completou o advogado.

Também ontem, em Manilha, parentes da filipina Mary Jane Veloso foram às ruas pressionar o governo por solução contra sua pena de morte. Ela também foi avisada que será fuzilada.

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