Por bferreira

Nepal - Passou de cinco mil o número de mortos devido ao terremoto no Nepal, mas a quantidade de vítimas fatais pode dobrar e chegar a 10 mil, informou ontem o primeiro-ministro Sushil Koirala. Equipes de resgate lutam contra o tempo e, em meio ao caos, conseguem algum alívio. Foi o caso de socorristas nepaleses e franceses, que retiraram Rishi Khanal, 28 anos, dos escombros de prédio em Katmandu após ele ter passado mais de 80 horas soterrado, sem água, num quarto com três pessoas mortas.

Menino chora de dor ao ser resgatado pelo exército no Nepal Reuters

“Ele parece ter sobrevivido por pura força de vontade”, disse Akhilesh Shrestha, um do médicos. Outros casos, como o de duas mulheres, uma delas paralítica, que ficaram 50 horas soterradas, também traziam algum consolo em meio ao cenário de devastação.

Ontem, um deslizamento de lama, gelo e neve deixou mais cerca de 250 pessoas desaparecidas no norte do país, num vilarejo muito utilizado para descanso de montanhistas do Himalaia.

O abalo, segundo as Nações Unidas, afetou oito milhões de pessoas, isto é, mais de um quarto da população. O governo decretou três dias de luto oficial, enquanto um número ainda ignorado de vítimas aguarda por ajuda em áreas remotas, cujo acesso só é possível de helicóptero. Milhares de sobreviventes começaram a demonstrar revolta por considerarem lenta a resposta do governo à crise humanitária. “O governo está fazendo todo o possível para salvar e socorrer”, justificou-se Koirala. Espremidos em tendas ou ao ar livre, muitos desabrigados estão sem água e comida, e se queixam de falta de ajuda. Mais de 1,4 milhão de pessoas estão precisando de apoio.

Correspondente da ‘CNN’ opera e salva menina que foi esmagada

Neurocirurgião respeitado nos Estados Unidos, Sanjay Gupta, correspondente de assuntos médicos da rede CNN, foi ao Nepal cobrir os estragos do terremoto e acabou operando uma menina ferida pelo desabamento de sua casa. Selena Dohal, de 8 anos, passa bem.

Ela foi transferida de Panhchkal para a capital, Katmandu, a quase três horas de distância, após ficar parcialmente esmagada por horas. Gupta estava na cidade cobrindo a situação nos hospitais locais. Com o caso da menina, ele recebeu pedido de ajuda dos médicos locais.

Usando iodo, água esterilizada e uma serra improvisada para médicos em zonas de guerra, Gupta ajudou a abrir o crânio da menina para expor seu cérebro e diminuir a pressão intracraniana. “O prognóstico dela é bom. A situação do Nepal é das piores. Precisam de recursos e pessoal”, contou.

Selena não foi a única ferida na família. Um irmão dela fraturou as duas pernas durante o desabamento que se seguiu ao terremoto.

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