Por bferreira

Rio - Essenciais nas ações de saúde, profissionais de enfermagem, no Brasil, sofrem com más condições de trabalho, violência e desvalorização. Estudo da Fiocruz mostra que 66% dos trabalhadores estão com desgaste e 19,4% relatam situação violenta no local de atuação. Estas realidades podem prejudicar o atendimento aos pacientes.

“O desgaste impacta no atendimento. Quando o profissional está infeliz, ganhando pouco, sem condições legais de trabalho e sem se sentir valorizado, é natural que o desgaste ocorra. Não gostaria de apresentar um dado desse, mas é a realidade”, aponta a coordenadora-geral do estudo e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública, Maria Helena Machado.

Jorge Luiz Lima, pesquisador da área de saúde do trabalhador e professor da Universidade Federal Fluminense, lembra que o profissional que sofre com o desgaste não apresenta condições de se dedicar integralmente ao trabalho. “Por mais que queira fazer um trabalho bem feito, a pessoa não consegue dar 100% da energia — é como se estivesse anestesiada”.

Os dados são do ‘Perfil da Enfermagem no Brasil’, feito por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) com auxiliares, técnicos em enfermagem e enfermeiros de todo o país. A pesquisa, lançada ontem em Brasília, foi feita por meio de questionários com 36 mil pessoas, mas os dados são representativos aos 1,6 milhão de profissionais da área no Brasil.

Cerca de 50% afirmaram não serem tratados com cordialidade pelos pacientes, e o mesmo percentual disse que não conta com local para descanso no setor onde atua. Entre os que responderam sofrer violência, 66% apontaram que a agressão é psicológica. Maria Helena afirma que os profissionais se sentem desprotegidos no local de trabalho e que os insultos partem da população.

“A violência não é entre os profissionais, mas de usuários que chegam ao serviço furiosos por não conseguirem o atendimento que acham que deveriam ter. Daí descontam nos profissionais”, explica. “Muitos são mulheres e estão na linha de frente do atendimento”.

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