Por bferreira

Rio - O famoso “desejo de grávida” — uma enorme vontade de ingerir certos alimentos — pode chegar a casos extremos: algumas mulheres querem objetos não comestíveis, como argila, tijolo ou areia. Este fenômeno, que se chama picamalácia, atinge cerca de 10% das gestantes. Para 3%, o transtorno é mais grave: elas querem consumir produtos perigosos, como agrotóxicos, por exemplo.

A vontade é causada por vários fatores. Um deles é a falta de nutrientes. “Mulheres com determinadas carências nutritivas acabam tendo uma ‘perversão’ para se alimentar com gelo, barro e terra, entre outros itens”, explica o obstetra Carlos Alberto Barbosa, professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis. “Vemos mais isto em camadas econômicas baixas, porque já são pacientes com carências”.

Outra causa pode ser psicológica. “A mulher fica muito vulnerável. O corpo muda, muitas se acham feias. A atenção fica em torno do bebê e elas se sentem desprestigiadas”, diz Carlos. A procura por alimentos ‘não-convencionais’ seria uma maneira de compensar a atenção perdida. Outro fator é o hormonal. “Alguns hormônios podem alterar a percepção das papilas gustativas, fazendo com que a mulher passe a preferir objetos estranhos ou, ainda, comer os mesmos alimentos que já costuma ingerir, mas preparados de outras formas”, afirma.

Muitas grávidas não conseguem controlar o desejo. E a situação piora porque elas têm vergonha de admitir. Carlos relata o caso de uma paciente cujo marido revelou que ela comia reboco de parede. Outra chegou a ingerir cera. Nesses casos, o acompanhamento deve ser feito com um psicólogo.

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