Por bferreira

Rio - O sexo oral desprotegido e o número maior de parceiros têm mudado o perfil de pessoas com risco de desenvolver câncer de boca e garganta. Se antes dos anos 2000 a doença afetava principalmente homens mais velhos, fumantes e consumidores de álcool, desde 2001 mais do que dobrou sua incidência em pessoas com idades entre 30 e 44 anos e que não necessariamente fumam ou bebem. Um dos motivos é o aumento da exposição, pelo sexo oral, ao vírus HPV — o mesmo responsável pela maior parte dos casos de tumor de colo de útero.

Em 2010%2C o americano Michael Douglas submeteu-se a quimioterapiaReuters

Quem aponta a alteração no perfil de risco é a epidemiologista Maria Paula Curado, do A.C.Camargo Câncer Center, que produziu o estudo. Os dados serão apresentados a partir de hoje no Congresso Mundial da Academia Internacional de Câncer Oral, em São Paulo. Segundo ela, é maior o número de contaminados desde os anos 2000 se comparado aos da década de 1990. Entre os homens, passou de 4 para 10 casos a cada 100 mil. Entre as mulheres, de 2 para 5 a cada 100 mil.

BANHO E HIGIENE BUCAL

De acordo com Curado, a falta de informação sobre a transmissão do HPV, somada à liberdade sexual, favoreceu esse aumento. “Fala-se muito da prevenção nas relações sexuais com penetração, mas pouco ou nada se trata do sexo sem penetração”, critica, apontando contenções simples, como banho e a higienização bucal. “Escovar os dentes e lavar as mãos antes e depois do sexo é importante e há pessoas que não o fazem”, diz.

A sexóloga Sandra Baptista diz que a liberdade sexual — “uma conquista” — não veio acompanhada de campanhas de informação sobre o HPV,cuja transmissão é mais simples que a de outras doenças sexualmente transmissíveis. O oncologista Luiz Paulo Kowalski, presidente da Academia Internacional de Câncer Oral, acrescenta que a vacinação anti HPV é a melhor forma de prevenir o câncer. “Os meninos também deveriam ser vacinados. Infelizmente, a rede pública, por questão de estoque, só vacina meninas”.

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