Turquia - O menino sírio cuja morte chocou o mundo nesta quarta-feira fugia da cidade de Kobane, na Síria, que há meses é dominada pelo grupo extremista Estado Islâmico. A família de Aylan chegou a tentar asilo no Canadá, mas teve o pedido negado, contaram parentes, segundo o jornal "Independent". O corpo da criança foi encontrado em uma praia do município costeiro turco de Bodrum. A embarcação em que ele estava naufragou e matou 12 pessoas, entre elas seu irmão Ghalib, de 5 anos, e sua mãe Rehan, de 35.
O único que sobreviveu ao naufrágio foi o pai do menino, Abdullah Kurdi. Ele foi encontrado inconsciente na praia e levado a um hospital da região. Nesta quinta-feira, Abdullah aguardava no necrotério de Mugla, na Turquia. Ele pretende voltar à Síria para enterrar sua família no país natal.
A imagem do menino morto com o rosto enterrado na areia da praia causou comoção e revolta nas redes sociais mundo afora. A imagem foi replicada milhares de vezes na web por internautas indignados com a assustadora realidade da crise migratória.
Segundo a imprensa turca, Aylan e a família e tentavam chegar ao continente europeu via ilha de Kos, na Grécia. A rota entre Bodrum, na Turquia, e Kos, na Grécia, é relativamente curta, mas não menos perigosa. Algumas pessoas tentam fazer a travessia à nado e outras, em embarcações ilegais. De acordo com agências humanitárias, somente em agosto deste ano, dois mil imigrantes fizeram este trajeto.
A foto de Aylan foi divulgada em um momento em que a Europa sofre seu pior fluxo migratório desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Um dado que ilustra a crise foi divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef): Mais de 13 milhões de crianças deixaram de ir à escola no Oriente Médio por causa dos devastadores conflitos em diversos países da região.
Além da Grécia, a Itália e a Espanha são portas de entrada para imigrantes devido à proximidade com o Mar Mediterrâneo e à curta distância com países do norte da África palcos de conflitos, como Tunísia, Líbia e Egito. Refugiados da Síria, Paquistão e a Afeganistão diariamente também recorrem à opção da rota balcânica, que é feita pela Macedônia, Sérvia e Hungria.
No próximo dia 14 de setembro, as lideranças europeias realizarão um encontro extraordinário para debater as políticas de imigração e refúgio. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 350 mil imigrantes e refugiados já viajaram pelo Mediterrâneo desde janeiro para tentar entrar na Europa.
*Com informações da ANSA