Por bferreira

Rio - No ano passado, 68 mil mulheres vítimas da violência doméstica foram socorridas nos hospitais públicos do país. Nessa estatística, estão incluídas as lésbicas e bissexuais que sofrem duplamente por agressões motivadas por homofobia, lesbofobia ou bifobia, segundo o Relatório Sobre Violência Homofóbica no Brasil, desenvolvido pela Secretaria de Direitos Humanos, da Presidência da República.

Mobilização vai distribuir 100 mil cartazes para profissionais da áreaAgência Brasil

Para tentar reverter esse quadro e melhorar o atendimento no SUS à população LGBT, o Ministério da Saúde lançou ontem uma campanha dirigida aos profissionais de saúde. A proposta é fazer com que eles orientem as pacientes homossexuais a incluir o nome social, a escolha sexual e a identidade de gênero na ficha de notificação hospitalar, quando houver suspeita de lesões provocadas por conflitos interpessoais. As mulheres vítimas poderão informar no formulário se a agressão foi motivada por preconceito. A medida pretende dar mais transparência às ocorrências de homofobia no Brasil. De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, em 2012, 4.851 pessoas foram vítimas de violações de caráter homofóbico no país, sendo que 37,6% eram lésbicas.

Com o slogan ‘Cuidar da Saúde de Todos. Faz Bem para a Saúde das Mulheres Lésbicas e Bissexuais. Faz bem para o Brasil’, a campanha vai distribuir 100 mil cartazes nos órgãos de saúde. A ideia é alterar a concepção dos atendimentos ginecológicos embasados no pressuposto de que a vida sexual de todas as mulheres é heterossexual ou ligada à reprodução. Existe também a crença equivocada de que as mulheres lésbicas não têm risco de desenvolver cânceres de mama e de colo de útero e na oferta de anticoncepcionais e preservativos, sem antes conhecer a vida sexual delas.

De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, há indícios de que as mulheres lésbicas são menos acolhidas que as demais na prevenção e tratamento dos cânceres de colo de útero e de mama. “Não podemos aceitar nenhuma forma de exclusão”, afirmou Chioro.

Para a enfermeira militante Carmem Lúcia, as lésbicas são invisíveis na sociedade. “As pessoas pensam que todos são heterossexuais. Se você não afirma sua lesbianidad, não tem direitos ou cuidados específicos”, disse.

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