Por clarissa.sardenberg

Síria - O pai dos meninos sírios que se afogaram com a mãe enquanto tentavam chegar à Grécia voltou à Síria para enterrar a família. Os meninos e a mulher foram enterrados na cidade síria de Kobani, nesta sexta-feira, um ao lado do outro. A imagem do corpo de uma das crianças, Aylan Kurdi, de 3 anos, com o rosto enterrado na areia de uma praia turca, nesta quarta-feira, e replicada nas redes sociais e jornais de todo o mundo, mostrando a perceptível falta de ação das nações desenvolvidas em ajudar os refugiados.

Abdullah Kurdi e familiar choram no enterro dos meninos Aylan e Ghalib%2C na Síria Reuters

Abdullah Kurdi, o pai, participou do funeral, em que os corpos foram enterrados lado a lado em uma "cerimônia de mártires" na cidade predominantemente curda de Kobani, também conhecida como Ayn al-Arab, perto da fronteira com a Turquia. 

Falando sobre a travessia da fronteira, Kurdi disse esperar que a morte de sua família encorajasse Estados árabes a ajudaram refugiados sírios. "Quero que os governos árabes -não países europeus- vejam (o que aconteceu com) as minhas crianças, e por isso ajudem as pessoas", disse em declarações a uma rádio local.

O corpo de Aylan foi encontrado em uma praia do município costeiro turco de Bodrum. O único que sobreviveu ao naufrágio foi o pai do menino, Abdullah Kurdi. Ele foi encontrado inconsciente na praia e levado a um hospital da região. 

Abdullah Kurdi e os filhos Aylan%2C de 3 anos%2C e Ghalib%2C de 5Reuters

Nesta quinta-feira, quando saía de um necortério na cidade de Mugla, na Turquia, Abdullah falou sobre o momento do naufrágio.  "Eu estava segurando a mão de minha esposa. Meus filhos escaparam das minhas mãos. Tentamos segurá-los no barco", disse.

"Todos estavam gritando no escuro. Não consegui fazer com que minha voz fosse ouvida por minha esposa e filhos", lamentou, dizendo que ao segurar os meninos Aylan, de 3 anos, e Ghalib, de 5, e a mulher Rehan, de 35, viu que todos estavam mortos.

Abdullah revelou ao jornal "Hurriyet" que por duas vezes pagou traficantes para levá-lo com sua família à Grécia, mas as tentativas falharam. Foi aí que ele decidiu encontrar um barco para tentar atravessar remando junto com outros.

Ele falou aos repórteres que estavam no local que deseja que o mundo olhe para os refugiados. "As coisas que nos aconteceram aqui, no país onde nos refugiamos para fugir da guerra no nosso país natal, queremos que o mundo inteiro veja isto", disse Abdullah. "Queremos a atenção do mundo sobre nós, para prevenir que isto aconteça com outros. Que esta seja a última vez", disse.

*Com informações da Reuters 


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