Por bianca.lobianco

Afeganistão - A ONU afirmou neste sábado que se um tribunal estabelecer que o ataque contra um hospital do Médicos Sem Fronteiras, na cidade afegã de Kunduz, tiver sido deliberado constituiria um crime de guerra.

Nesta madrugada, bombardeios aéreos afetaram gravemente um hospital administrado pela organização humanitária independente Médicos Sem Fronteiras (MSF), matando pelo menos 19 membros da equipe da ONG e deixando feridos também entre os pacientes.

"A gravidade deste incidente é reforçada pelo fato de que, se for considerado como deliberado por uma corte de justiça, o bombardeio de um hospital pode ser um crime de guerra", disse o responsável de direitos humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein.

Ataque em base do Médico Sem Fronteiras deixa mais de 10 pessoas mortas e mais de 30 feridosEfe

O alto comissário assinalou que este fato é "trágico, indesculpável e possivelmente criminoso". "A aviação militar afegã e internacional tem a obrigação de respeitar e proteger os civis o tempo todo, e as instalações médicas e seu pessoal são objeto de proteção especial", reiterou.

Zeid lembrou que esta obrigação se aplica a qualquer força aérea envolvida, independentemente da localização do ataque.

Segundo os militares norte-americanos, é possível que eles tenham atingido o hospital, na medida em que buscavam insurgentes do Taliban, que estavam atirando contra as forças dos EUA. Uma investigação sobre o incidente foi aberta.

Membros da equipe do Médicos sem Fronteiras telefonaram para militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Cabul e Washington após o ataque, e bombas continuaram a cair perto da instalação médica por quase uma hora, disse um membro do grupo humanitário.

Ao menos três crianças, quatro pacientes adultos e 12 integrantes da organização médica morreram vítimas das explosões, segundo a instituição. Cerca de 37 pessoas ficaram feridas e muitos pacientes e funcionários ainda estão desaparecidos, acrescentou.

Militares dos Estados Unidos prometeram investigar o incidente, que pode renovar preocupações sobre o uso de seu poder aéreo no conflito.

ONU afirmou que ataque aéreo à base do Médicos Sem Fronteiras pode ser caracterizado como crime de guerraEfe

Forças do governo afegão apoiadas pelo poder aéreo dos EUA têm lutado para expulsar o Taliban da capital de província no norte desde que combatentes a capturaram seis dias atrás, na maior vitória de sua insurgência de quase 14 anos.

Um morador, Khodaidad, disse à Reuters que o Taliban estava usando os prédios do hospital como abrigo durante o combate de sexta-feira. "Eu podia ouvir os sons de tiroteio pesado, explosões e aviões durante toda a noite", acrescentou. "Houve diversas grandes explosões e parecia que o teto estava caindo sobre mim", acrescentou.

As forças dos EUA lançaram um ataque aéreo às 02h15 da madrugada, disse o porta-voz coronel Brian Tribus, em comunicado. "O ataque pode ter resultado em dano colateral a um centro médico nas proximidades", acrescentou. "Este incidente está sob investigação."

Pelo menos 19 pessoas ficaram mortas em ataque aéreo à base do Médico Sem Fronteiras no AfeganistãoEfe

No hospital bombardeado do grupo humanitário, uma parede desabou, espalhando fragmentos de vidro e molduras de portas de madeira, e três quartos ficaram em chamas, disse Saad Mukhtar, diretor de saúde pública em Kunduz. "Fumaça preta espessa podia ser vista subindo de alguns cômodos... O combate ainda está ocorrendo, então tivemos que sair". 

O chefe das forças lideradas pelos EUA no Afeganistão, general do Exército John Campbell, ofereceu condolências ao presidente do país, Ashraf Ghani.

Com EFE e Reuters

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