Ancara (Turquia) - Pelo menos 86 pessoas morreram quando duas explosões atingiram um comício com centenas de ativistas esquerdistas e pró-curdos nos arredores da principal estação de trem de Ancara neste sábado, o que o governo descreveu como um ataque terrorista semanas antes da eleição nacional.
Um repórter da Reuters viu corpos cobertos por bandeiras e cartazes, incluindo aqueles da legenda pró-curda Partido Democrático do Povo (HDP, na sigla em turco), e manchas de sangue e partes de corpos espalhadas pela rua. O ministério do Interior declarou que 30 pessoas foram mortas e 126 ficaram feridas.
Testemunhas relataram que as duas detonações aconteceram com segundos de diferença pouco depois das 10h, no horário local, quando a multidão se reunia para uma marcha em protesto pelo conflito entre forças de segurança turcas e militantes curdos no sudeste do país.
Ninguém assumiu a autoria do atentado, mas o país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está em alerta intensificado de segurança desde o início de uma “guerra sincronizada ao terror” em julho, que inclui ataques aéreos aos combatentes do Estado Islâmico na Síria e a bases do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) no norte do Iraque. A Turquia também apreendeu centenas de supostos militantes curdos e islâmicos em seu território.
Imagens exibidas pelo canal CNN da Turquia mostraram uma fila de homens e mulheres de mãos dadas e dançando, e depois se encolhendo quando uma grande explosão ocorreu logo atrás, onde pessoas se reuniam levando cartazes do HDP e de partidos de esquerda.
“Estamos diante de um enorme massacre, um ataque hediondo, bárbaro”, disse Selahattin Demirtas, líder do HDP, aos repórteres.
As autoridades estão investigando as alegações de que o atentado deste sábado foi realizado por homens-bomba, afirmaram à Reuters dois funcionários do governo. O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, cancelou seus próximos três dias de campanha para a eleição e deve fazer uma reunião de emergência com os chefes da polícia e das agências de inteligência e outras autoridades de primeiro escalão, informou seu escritório.
A retomada do conflito no sudeste desperta dúvidas sobre a capacidade da Turquia para realizar uma votação justa e livre em áreas dominadas pela violência, mas até agora o governo insiste que o pleito irá ocorrer.