Por felipe.martins

Rio - De olho no futuro, o Congresso de Longevidade encerrou ontem, em São Paulo, um fórum de debates com foco principalmente na inserção de idosos no mercado de trabalho. Estranho? Não. Organizadora do evento, a Aliança Global dos Centros Internacionais de Longevidade (ILC Global Alliance) está pensando à frente, diante da chamada revolução demográfica: as taxas de fecundidade vêm diminuindo, e as taxa de longevidade, aumentando. Ou seja, menos gente está nascendo e os idosos estão vivendo mais. O resultado é que vai faltar gente jovem para trabalhar e o mercado terá que recorrer mais a funcionários com mais de 60 anos com condições de trabalhar.

No Brasil, segundo a Pnad/IBGE, no segundo trimestre de 2015 havia 6.654 milhões de idosos (60 anos ou mais) integravam a População Economicamente Ativa (PEA). A Aliança existe em 17 países, com centros de estudos e ações práticas para melhorar a qualidade de vida do idoso. No evento, houve uma grande troca de experiências de órgãos públicos e empresas privadas com iniciativas pró-idosos.

A antropóloga e professora da Columbia Univerity Ruth Finkelstein, que coordenou o programa New York Cidade Amiga do Idoso, em 2012, contou dois casos ocorridos em New York. Uma padaria aproveitou os mais velhos em áreas onde eles tinham experiência histórica: as receitas de se fazer o pão e a área de compras. Enquanto isso, os mais jovens ficaram em áreas como a operação dos fornos e tarefas que exigiam o uso de luvas pesadas. Já numa fábrica de gravatas, uma manufatura que está quase em extinção, recrutou idosos que tinham experiência para ensinar aos mais jovens a arte de se fazer gravatas de qualidade, trabalhando com eles na produção. É a integração de pessoas jovens com as que têm mais de 60 anos, uma prática que deverá ser comum no futuro.

Mercado começa a valorizar mais o idoso em atividades profissionaisDivulgação

Devido à importância do assunto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) difunde um conceito chamado Iniciativas Amigas do Idoso (Age-Friendly, em inglês). Trata-se de um guia para todas as ações mundiais. Consiste em desenvolver iniciativas que melhorem a vida dos idosos, e também das pessoas que têm algum tipo de dificuldade (desde um homem com pé quebrado ou mães com carrinhos de bebês, até cadeirantes, cegos e outros) em áreas como transporte, acessibilidade, vias públicas, serviços de saúde, inserção política e social, comunicação etc. Em vários países, há cidades que se preparam para serem Cidades Amigas do Idoso, e as principais iniciativas estão registradas no site da OMS.

Com base em pesquisa que apontou que os melhores amigos de idosos em Copacabana são os porteiros dos prédios, a Bradesco Seguros, patrocinadora do evento, — dentro de seu Programa Amigo do Idoso, em parceria com o Senac —, criou um projeto de capacitação de porteiros, especificamente para lidar com idosos.


Você pode gostar