Por bferreira

Rio - Mais de 90% da população não sabem o que é psoríase. É por isso que hoje, Dia Mundial da Psoríase, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) enfatiza a importância de uma campanha nacional de conscientização sobre essa doença inflamatória crônica, que agride a pele, formando feridas, inflamações e coceiras. Confundida com outras doenças como micoses, alergias e até mesmo a caspa, é uma doença autoimune, ou seja, causada por uma agressão do organismo da própria pessoa. A estimativa é de que 3% da população mundial (125 milhões de pessoas) sofram dessa condição, três milhões delas no Brasil. Só no Rio, são mais de 200 mil casos registrados.

“Tenho psoríase e não há nada que eu possa fazer”, revelou a sexy KimReprodução

Justamente por ser uma doença do próprio corpo, a psoríase não é contagiosa. “O mais importante é que as pessoas não tenham medo de abraçar e de se relacionar com os pacientes. A psoríase não pega, e eles precisam de carinho para superar isso”, explica o dermatologista da SBD, Murilo Drummond.

Para 50% das pessoas que vivem com psoríase, o preconceito causa mais angústia do que os próprios sintomas. Mas famosas como Kim Kardashian, Britney Spears, Cyndi Lauper e Cara Delevingne são prova viva de que a doença pode ser controlada com uma dose extra de autoestima. “Tenho psoríase e não há nada que eu possa fazer. Por isso, não há razões para me sentir desconfortável quanto a isso”, afirmou a sexy Kim.

No “mundo real”, a estudante Júlia Cristo, de 22 anos, dá aula de bom humor e explica que a aceitação é fundamental para superar a doença: “A psoríase é muito psicológica. No início, eu escondia, só usava calça. Com o tempo, passei a não ligar, e a médica disse que eu melhorei justamente por ter aceitado. Quando chegava alguém, eu já dizia logo: ‘é psoríase, não passa!’ Elas se acalmavam e eu me sentia melhor comigo mesma”, conta.

Sem cura, mas tem tratamento

Segundo Murilo Drumond, a psoríase permanece incubada até que um trauma — psíquico ou físico — a desencadeie. Foi o caso de Júlia, que desenvolveu a doença aos 18 anos, durante o vestibular, e sofreu por três anos. “Foi uma época de muito nervosismo e começaram a aparecer manchas no meu corpo. A crise passava mas era só eu ficar ansiosa, que voltava”, conta ela, que há um ano não tem sinais da doença.

Depois de desenvolvida, a psoríase não tem cura, mas tem tratamento. “Além de estabilidade emocional para prevenir sua reincidência, hábitos de vida saudáveis, como boa alimentação, tomar sol moderadamente e procurar soluções de problemas sem estresse ajudam”, afirma o médico.

Ricardo Romiti, chefe do ambulatório de psoríase do Hospital Clínicas de São Paulo, diz que o paciente com psoríase grave tem chances mais elevadas de desenvolver obesidade, colesterol alto, diabetes, derrame e ataque cardíaco. Ele compara o efeito da psoríase na qualidade de vida a doenças como o câncer, doenças cardíacas, artrite, diabetes tipo 2 e depressão.

Reportagem da estagiária Marina Brandão

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