Por bferreira

Rio - Vilão do verão, o El Niño deve se tornar mais intenso nos próximos meses e as enchentes e alagamentos provocadas pelo fenômeno podem ajudar a aumentar o número de casos de leptospirose, podendo antigir até mesmo o patamar de epidemia. O alerta é de pesquisadores da Fiocruz, que se reúnem com especialistas de várias partes do mundo durante o Workshop Internacional para Pesquisa em Leptospirose, que acontece de hoje até quinta-feira, no Rio. Vão discutir um plano de ações global, com propostas de políticas públicas, pesquisas científicas e desenvolvimento tecnológico, para enfrentar a doença, que é transmitida por água contaminada pela urina de roedores.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) não possui dados precisos sobre o número de casos de leptospirose. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, houve 4.706 registros no ano passado, com 327 mortes, sendo 152 casos no Rio, com 39 óbitos. Só esse ano, já são cerca de três mil casos no país — mais de 120 no Rio, segundo dados da Secretaria estadual de Saúde —com pelo menos 16 mortes.

Com taxa de mortalidade que varia entre 5% e 30%, a leptospirose é ainda um desafio. “É uma doença infecciosa e tratável. Nenhum número de óbitos é aceitável. Se sabemos que existe a chance de haver um aumento significativo de casos da doença, não era para ter nenhum caso. Se o surto é previsível, deve ser combatido ao máximo”, destaca a diretora do Centro Colaborador da OMS para Leptospirose, Martha Pereira.

Ela alerta para a importância de se conscientizar e cobrar governos e sociedade para este problema de saúde pública. “A prefeitura precisa levar em consideração sistemas de escoamento, para não acumular água da chuva nas obras do Rio. Mas a própria população precisa se conscientizar da importância de não acumular lixo e evitar entrar em contato com águas poluídas”, recomenda.

Estado sem plano de ação

O Estado do Rio não conta com um plano para enfrentamento da doença, em caso de surto. Para o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, a prevenção é a melhor alternativa. “Em períodos chuvosos, é feito um alerta para que os profissionais da saúde estejam atentos para a possibilidade da leptospirose, para que seja feito o diagnóstico mais rápido possível”.

Segundo ele, em caso de emergência, a Secretaria conta com equipe de resposta rápida e protocolos a serem seguidos nas unidade, além de protocolos de conscientização: um de rotina, sobre como fazer a limpeza da casa e dos alimentos e outro mais específico, sobre como agir em casos de inundação e enchentes.

Reportagem da estagiária Marina Brandão

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