Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Apesar de não haver oficialmente aumento nos casos de microcefalia — são cerca de 20 registros por ano, segundo a Secretaria de Estado de Saúde —, o Rio de Janeiro deve receber maior atenção das autoridades de saúde para evitar um surto da anomalia em recém-nascidos, como ocorre no Nordeste. O estado é um dos 14 do país que confirmaram este ano casos de infecção pelo Zika Vírus, considerado o principal suspeito de causar a anomalia em bebês.
Pesquisadores do Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) descobriram a presença do genoma do vírus Zika em amostras de duas gestantes da Paraíba, com fetos diagnosticados com microcefalia por meio de exames de ultrassonografia. O vírus — transmitido pelo mosquito da dengue, o Aedes aegypti —estava no líquido amniótico, que envolve o feto durante a gestação.
Diagnóstico foi confirmado pelo Laboratório de Flavivírus da FiocruzGutemberg Brito / Divulgação IOC - Fiocruz

Para Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, a evidência ‘quase’ fecha a correlação entre as doenças. “Estamos sendo bastantes cautelosos, mas não se encontrou nenhuma outra causa até o momento. Tivemos uma circulação importante do vírus no Brasil no primeiro semestre, coisa que aconteceu pela primeira vez na nossa história”, afirmou.

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Além do boletim epidemiológico, que revela a ocorrência de 399 casos este ano em sete estados do Nordeste, o ministério enviou às secretarias estaduais de saúde orientações sobre notificação, vigilância e assistência às gestantes e aos bebês acometidos pela microcefalia.
No Rio, a secretaria prepara mudanças no protocolo de notificação. Casos de microcefalia e aqueles em que gestantes apresentarem manchas vermelhas no corpo — o principal sintoma do Zika Vírus — passam a ser de notificação compulsória. “É uma situação preocupante que pede que se identifique precocemente a doença para se fazer um diagnóstico o mais rápido possível”, explica Alexandre Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde do estado.
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Proteção para as grávidas
Alexandre Chieppe diz que é preciso implementar ações de vigilância para enfrentar o problema. Além de campanhas para advertir a população e diminuir ao máximo o número de focos do mosquito transmissor, ele reforça a importância da proteção individual de gestantes, com o uso de repelentes, de roupas que previnam o contato com o mosquito e de evitar exposição durante a manhã e final da tarde, períodos em que o Aedes aegypti costuma atacar as vítimas.