Por bferreira
Rio - Uma nova esperança na luta contra o HIV. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitiu, na última sexta-feira o registro de auto-testes para a triagem do vírus HIV no Brasil. Na prática, a resolução autoriza a venda de auto-testes para a detecção do vírus em farmácias, postos de medicamentos e programas de saúde pública. Semelhante aos de gravidez, o teste funciona como um primeiro filtro. Por isso, deve ser seguido de exames clínicos e laboratoriais para a confirmação da doença.
A Anvisa atendeu ao Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, que solicitou o apoio da agência para regulamentar a comercialização de auto-testes de HIV. Desde os anos 80, são 757 mil casos de pessoas com o vírus no país. Desses, cerca de 20% (ou 150 mil pessoas) sequer sabem quesão soropositivo, segundo dados do ministério.
Publicidade
De acordo com a Anvisa, o novo regulamento tem como objetivo reduzir a transmissão do vírus e o surgimento de novos casos. “Buscamos ampliar o acesso ao diagnóstico, que representa mais um instrumento para auxiliar o controle da infecção no Brasil”, afirmou, em nota.
O ministério preconiza que a margem de erro do teste deve ficar em cerca de 5%. “O problema é que, na prática, a taxa pode ser maior”, alerta Eduardo Emery, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial. “Se for início de infecção, é maior a probabilidade de você ter um erro de diagnóstico”, afirma, ao acrescentar que é preciso tomar muito cuidado com os ‘falsos positivos’ e ‘negativos’.
Publicidade
“No início da infeccção, é mais difícil que a resposta seja correta porque não se sabe quanto tempo vai levar para que o indivíduo comece a produzir os anticorpos. Doenças autoimunes, indivíduos alérgicos, grávidas, doentes de câncer, recém-nascidos oucrianças no início da infância são mais propensos a desenvolver anticorpos que poderiam dar um falso positivo.
Sem prazo para ser comercializado
Publicidade
Não se sabe ainda quando e de que forma os auto-testes de HIV chegarão ao Brasil para ser comercializados. Em outros países, eles são realizados com o sangue, por meio de um furo na ponta do dedo ou com a mucosa bucal (da gengiva e bochecha). A resolução estabelece que os produtos deverão conter informações claras que indiquem seu uso seguro e eficaz, incluindo fotografias, desenhos ou diagramas sobre a obtenção da amostra, execução do teste e leitura do resultado.
A norma também responsabiliza os produtores no esclarecimento quanto à “janela imunológica humana”, que é o intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus e a produção de anticorpos no sangue, bem como orientações de conduta do indivíduo após a realização do teste. Para Eduardo Emery, o teste contribui para oferecer mais qualidade de vida às pessoas diagnosticadas e reduz a probabilidade de transmissão do vírus.
Publicidade
Reportagem da estagiária Marina Brandão