Por bferreira
França - Líderes de todo o globo lançaram ontem uma iniciativa ambiciosa para conter o aumento das temperaturas da Terra, durante a cúpula do clima, a COP21, da Organização das Nações Unidas (ONU) que começou ontem em Paris. A conferência acontece sob clima de tensão, após os ataques terroristas de 13 de novembro que deixaram 130 mortos na capital francesa. O presidente francês, François Hollande, disse que não se pode separar “a luta contra o terrorismo da luta contra o aquecimento global”. Para a conferência, a França montou esquema gigante de segurança.
Cerca de 150 chefes de Estado, governo e príncipes participam da cúpula. Entre eles, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o líder chinês, Xi Jinping, a presidenta Dilma Rousseff terão a missão de incitar uns aos outros a abraçar a causa comum para distanciar a economia global da dependência de combustíveis fósseis.
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Após décadas de tratativas penosas e do fracasso da cúpula de Copenhague seis anos atrás, alguma modalidade de acordo histórico parece quase assegurada até meados de dezembro. A expectativa é de que os negociadores firmem um pacto climático internacional mais robusto da história e que irá marcar um progresso impactante na busca frequentemente frustrante por um acordo global.
Um dos primeiros a discursar, Barack Obama, presidente da segunda maior nação em emissão de gases, os EUA, frisou a urgência de medidas a serem tomadas. “O que nos deveria dar esperança de que este é um divisor de águas, de que este é o momento em que finalmente determinamos que iremos salvar nosso planeta, é o fato de que nossas nações compartilham a noção da urgência deste desafio e uma compreensão crescente de que está no nosso poder fazer algo a respeito dele", lembrou Obama.
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A maioria dos cientistas afirma que um fracasso na adoção de medidas rígidas no encontro da capital francesa condenaria o mundo a temperaturas médias cada vez mais elevadas. Clima mais abrasador traria junto tempestades devastadoras, secas mais frequentes e a elevação do nível dos mares em decorrência do derretimento das calotas polares.
Para alguns líderes, a mudança climática se tornou um assunto premente em casa. Na abertura do encontro parisiense, as capitais de dois dos países mais populosos do mundo, China e Índia, estavam cobertas por um nevoeiro nocivo e sufocante – Pequim estava sob alerta de poluição "laranja", o segundo nível de maior gravidade.
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Dilma: acordo deve virar lei
Em seu pronunciamento, a presidenta Dilma definiu como uma “ação irresponsável” o rompimento de barragem da Samarco em Mariana (MG) que causou o “maior desastre ambiental da história do país”. A presidenta assegurou que o governo reage com “apoio às populações atingidas, prevenção de novas ocorrências e também punindo severamente os responsáveis por essa tragédia”.
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Sobre as metas de emissão, Dilma defendeu que o acordo fechado na conferência seja transformado em lei nos países que o assinarem.
A presidenta afirmou que o Brasil não está alheio aos problemas das mudanças climáticas, tendo enfrentado secas no Nordeste e chuvas fortes e inundações no Sul e Sudeste. “O fenômeno El Niño nos tem golpeado com força”, disse.