Por paulo.gomes
Inglaterra - O lendário músico britânico David Bowie, autor de clássicos como "Starman" e "Space Oddity", morreu aos 69 anos vítima de câncer. A informação foi confirmada pelo filho do músico na Internet. Na conta oficial de David Bowie no Twitter, uma mensagem publicada neste domingo diz que o músico “morreu pacificamente, rodeado por sua família, após uma corajosa batalha de 18 meses contra um câncer”. “Enquanto muitos de vocês vão partilhar esta perda, pedimos que respeitem a privacidade da família neste momento de dor”, acrescenta a mensagem.
David Bowie havia lançado na última sexta-feira seu 25º disco de estúdio, 'Blackstar'Reuters

David Bowie lançou na última sexta-feira, dia do seu 69° aniversário, o álbum "Blackstar", o 25º da carreira, onde se apresentou como um roqueiro que busca surpreender, ao enveredar por alguma experimentação de jazz. Provocador, enigmático e inovador, construiu uma das carreiras mais veneradas e imitadas da indústria do espetáculo, que o colocou no pedestal das lendas da música.

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Nascido David Robert Jones, em 8 de janeiro de 1947, em uma família modesta de Brixton, bairro popular do sul de Londres, a lenda do rock viu o primeiro sucesso chegar em 1969, com Space Oddity, uma música que se tornou mítica e conta a história de Major Tom, um astronauta que se perde no espaço. A essa altura, já tinha operado a primeira de muitas reinvenções, ao se batizar David Bowie quatro anos antes, para evitar confusão com Davy Jones, vocalista dos The Monkees, banda rival dos Beatles.

Nos anos 1970 dominou o panorama musical britânico e conquistou os Estados Unidos da América com uma série de álbuns de sucesso. Bowie, que estudou budismo e mímica, se revelou como uma das figuras de maior relevância durante mais de cinco décadas. Multifacetado, também foi ator, produtor e venerado como ícone da moda, pela tendência para provocar com as roupas que usava.

David Bowie construiu uma das carreiras mais veneradas e imitadas da indústria do espetáculoReprodução Internet

Autor de álbuns aclamados como Heroes (1977), Lodger (1979) e Scary Monsters (1980), o artista, radicado em Nova Iorque há anos, chegou ao topo da indústria em 6 de junho de 1972 com The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spider From Mars. Este disco, que relata a inverosímil história do personagem Ziggy Stardust, um extraterrestre bissexual e andrógino transformado em estrela de rock, reuniu duas das obsessões do cantor: o teatro japonês kabuki e a ficção científica. Contudo, essa excêntrica personagem foi apenas uma das muitas personalidades que adotou ao longo da carreira, como os outros alter egos da sua produção criativa: Aladdin Sane ou Duque Branco.

Em 1975, chegou o primeiro êxito nos Estados Unidos, com o single Fame, que coescreveu com John Lennon, e também graças ao disco Young Americans. Mais tarde, em 1977, chegou o minimalista Low, a primeira de três colaborações com Brian Eno, conhecidas como a Trilogia de Berlim, que entraram no Top 5 britânico. Também chegou ao topo do ranking musical na Inglaterra com Ashes to Ashes, do álbum Scary Monsters (and Super Creeps); colaborou com o Queen no sucesso de Under Pressure e voltou a triunfar em 1983 com Let's Dance.

Em 2006, anunciou um ano sabático e, desde então, muitos fãs lamentava sua ausência prolongada, que deu motivos também para o surgimento de todo o tipo de rumores sobre sua saúde. Esse retiro musical foi quebrado esporadicamente, como com a aparição surpresa num concerto de David Gilmour (Pink Floyd) no Royal Albert Hall de Londres, nesse mesmo ano, ou com a colaboração no álbum de canções de Tom Waits que a atriz norte-americana Scarlett Johansson publicou em 2008.

Os londrinos depositaram flores em um memorial a Bowie improvisado na região onde ele nasceuReuters

Após anos de silêncio, David Bowie reapareceu em 2013, aos 66 anos, com The Next Day, um disco produzido pelo veterano Tony Viscontti, o seu homem de confiança que agradou a crítica com típicos elementos ‘bowinianos’. Um ano depois, lançou a antologia Nothing Has Changed, com a qual celebrou meio século de carreira.

O magnetismo e inesgotável força comercial de Bowie, que vendeu aproximadamente 136 milhões de discos em todo o mundo, lhe valeram um espaço no museu londrino Victoria & Albert, que lhe dedica uma extensa exposição, em que se explora a sua influente carreira através de 300 objetivos seus, selecionados de entre mais de 7 mil.

David Bowie era casado desde 1992 com a modelo Somali Lam, com a qual teve uma filha, Alexandria Zahra Lexi Jones. Tem outro filho, Duncan Jones, fruto do seu primeiro casamento com Angela Bowie.
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Os londrinos depositam flores em um memorial a Bowie improvisado na região onde ele nasceu, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, exaltou o cantor como um gênio. “Eu cresci ouvindo e assistindo ao gênio do pop David Bowie. Ele foi um mestre da reinvenção que continuou a sempre acertar. Uma grande perda”, disse Cameron.
Com informações da Agência Brasil e da Reuters