Por thiago.antunes

Rio - O custo das passagens de ônibus nas regiões metropolitanas brasileiras subiu, de 2000 a 2012, 192%, 67 pontos percentuais acima do IPCA (índice de inflação usado nas metas do governo) no período (125%). Com isso, o transporte público já consome 13% do orçamento das famílias na faixa das 10% mais pobres do país.

Os números foram revelados por estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira, que defendeu mudanças nas políticas do setor com mais subsídios.

“Precisamos criar subsídios ao sistema de transportes públicos para baratear a tarifa de todos os passageiros e também benefícios diretos para algumas categorias mais vulneráveis. A ajuda do vale-transporte não está atingindo os que mais precisam”, afirmou o pesquisador Carlos Henrique de Carvalho, um dos autores do trabalho.

Passagens de ônibus na região metropolitana do Rio subiram 175% desde o ano 2000Alexandre Vieira / Agência O Dia

Ele lembra que a informalidade na faixa dos 10% mais pobres é maior e, portanto, o vale-transporte só atinge 26% destas famílias. “Os governos precisam pensar em, por exemplo, criar um benefício para os desempregados, porque sem transporte eles não conseguem nem procurar trabalho”, afirmou.

Na avaliação de Carvalho, as políticas de transporte estão na contramão do que deveriam ser. Ou seja, estão privilegiando os usuários de carros e penalizando os mais pobres, que dependem dos ônibus. O estudo mostrou que, entre 2000 e 2012, a gasolina subiu 122%. Além disso, o índice associado aos gastos com veículo próprio, que inclui preços de carros e motos, manutenção e tarifas de trânsito, teve alta de apenas 44%, muito abaixo do IPCA.

“Quando o pobre eleva sua renda, ele compra um carro, piorando o trânsito e deixando só os mais pobres ainda nos ônibus”, disse. Na média, geral, o transporte leva 3% do orçamento das famílias.

Engarrafamentos chegam a encarecer tarifas em 25%

O estudo do Ipea indicou que os recursos para os subsídios do transporte público poderiam vir de diversas fontes, mas sobretudo dos usuários de carros. “Não tem como fugir de o automóvel contribuir para o transporte público. É o caminho mais lógico devido aos impactos que ele gera no transporte coletivo”, disse ele, acrescentando que os engarrafamentos encarecem as tarifas de ônibus em até 25% em uma cidade como São Paulo.

O motivo é que o tempo de viagem aumenta e são necessários mais coletivos nas ruas. A forma de taxação, diz ele, poderia ser sobre a gasolina, pedágio urbano nas áreas de maior fluxo, ou ainda sobre os estacionamentos. Shoppings também poderiam ser taxados.

Na Europa, ajuda de 50%

O estudo do Ipea levantou que, nas grandes cidades europeias, os subsídios chegam a 50% das tarifas do transporte público. Ou seja, os passageiros só pagam metade dos custos do sistema.

Em São Paulo, atualmente o município banca quase 20% dos custos dos ônibus e, no Rio, a Prefeitura afirma não dá subsídios. No período pesquisado, de 2000 a 2012, as tarifas de ônibus no Rio subiram 175% (50 pontos percentuais acima da inflação) e, em São Paulo, cerca de 140% (15 pontos acima da inflação).

Prefeitura vai rescindir contrato na Transoeste

A Secretaria Municipal de Obras informou que vai rescindir o contrato com a Sanerio Engenharia, responsável pela construção do lote 4 da Transoeste (expansão à Campo Grande). A empresa teria descumprido inúmeros itens e serviços previstos no cronograma.

A multa prevista por lei é de até 20% sobre o saldo contratual — cerca de R$ 22 milhões. A empreiteira disse que vai recorrer e explicou que traficantes teriam ameaçado trabalhadores e ordenado que as obras parassem. Ainda não há data para o término do trecho, tendo em vista que um novo cronograma será acordado com outra empresa prestadora.

A Sanerio Engenharia informou que concluiu 90% das obras em dez das 15 estações do trecho entre Santa Cruz e Campo Grande. De acordo com a empresa, as obras do lote 4 foram prejudicadas por falta de segurança em pontos críticos, como a entrada da Favela do Rola.

A empreiteira contou ainda que as ameaças ocorrem desde o início das obras, em janeiro de 2012, e que denunciou à polícia uma série de furtos — e nada teria mudado. Além disso, a construtora contou que uma guerra entre quadrilhas também impediu a conclusão do trabalho.

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