Rio - Boa opção de transporte para driblar engarrafamentos, melhorar a saúde e economizar, o uso da bicicleta ainda enfrenta desafios nas grandes cidades brasileiras. Mesmo no Rio, que tem a maior malha cicloviária do país, com 320 quilômetros, ciclistas e especialistas no tema reclamam principalmente da falta de educação no trânsito e da infraestrutura.
O cicloativista Eduardo Bernhardt, consultor da ONG Transporte Ativo, que desenvolve projetos de mobilidade no Rio, diz que com investimentos pequenos se pode avançar muito no assunto. “As pessoas falam muito em construir ciclovias, mas só melhorar o asfalto, tirando os buracos, e colocar uma placa avisando que ali há ciclistas já aumenta muito a segurança”, afirma. Para ele, o tripé básico para ampliar o uso do meio de transporte não-poluente é a melhoria das vias (com informações sobre ciclistas), campanhas educativas, e mais bicicletários. “Não adianta fazer ciclovias se você não tem onde deixar a bicicleta quando chegar ao destino”, reclama.
A gerente do Programa Cicloviário da Secretaria Municipal de meio Ambiente do Rio, Maria Lúcia Navarro, ressalta que a cidade tem a meta de expansão da malha cicloviária (inclui ciclovias, ciclofaixas e vias compartilhadas) para 450 quilômetros até 2016, tornando-se a maior da América Latina. Para ela, o papel da bicicleta deve ser de integração com outros modais e em deslocamentos de três a sete quilômetros.
PDTU: 2,4% pedalam de casa ao trabalho
Medir a importância da bicicleta no transporte urbano não é fácil e os números não são precisos, segundo especialistas. Na Região Metropolitana do Rio, dados preliminares do Plano Diretor de Transportes Urbanos indicam que, em 2012, 2,42% dos deslocamentos casa-trabalho foram feitos em bicicleta (546.000 viagens). Entretanto, o dado, que mostra um recuo de 1,84% ante o último levantamento (2003), não reflete totalmente a realidade, diz Eduardo Bernhardt, consultor da Transporte Ativo.
“Os questionários contam só o deslocamento para o trabalho. Além disso, é visível o aumento do uso da bicicleta no Rio. Já fizemos contagens em alguns bairros e o número de viagens de bicicleta deu o triplo do que indicava o PDTU anterior.”
O superintendente da Agência Metropolitana de Transportes, Waldir Peres, credita a redução registrada no PDTU ao aumento da renda, que fez com que mais pessoas comprassem principalmente motos.
Rio: 12ª melhor para ciclistas
O Rio foi apontado como a 12ª cidade mais amiga do ciclista no mundo no ranking 2013 da consultoria internacional Copenhagenize, especializada em assuntos relacionados ao transporte sobre duas rodas, à frente de Barcelona e Paris, respectivamente 13ª e 14ª.
Entretanto, na opinião do professor de canto Leonardo Lodi, de 44 anos, morador de Copacabana que adota a bicicleta como principal meio de transporte, a falta da cultura sobre o ciclista ainda é grande. “Os pedestres não sabem o que é uma ciclovia e nas ruas os motoristas também não costumam respeitar as bicicletas.”
Morador do Flamengo, o funcionário público Jorge Farias, 50, diz preferir o transporte não-motorizado ao automóvel por conta do estresse que o trânsito provoca.