Por thiago.antunes
Rio - O projeto de construir uma rodoviária provisória em São Cristóvão, anunciado na semana passada pela prefeitura, foi por água a baixo. Entre os motivos, a falta de tempo hábil para entregar a obra antes do Natal, o estado do terreno prejudicado pelas chuvas desta quarta-feira e a preocupação com a falta de informação aos passageiros, que ficariam sem saber para que rodoviária deveriam se dirigir.
A informação é da Companhia de Desenvolvimento Rodoviário de Terminais do Estado do Rio (Coderte), ressaltando que a decisão foi tomada em conjunto com técnicos das secretarias de Transportes do município e do estado.
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Na última sexta-feira, o secretário Municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, anunciou que o terminal entraria em operação antes do Natal e iria funcionar até a Semana Santa, em abril, no terreno que pertence ao Exército, ao lado da Quinta da Boa Vista. Após essa data, a área seria utilizada para apoio logístico às operações da Federação Internacional de Futebol (FIFA) nos jogos da Copa do Mundo de 2014. A instituição já utilizou o local na Copa das Confederações.
Terreno ao lado da Quinta abrigaria o terminal provisórioDivulgação

Quando anunciou o projeto, o secretário chegou a declarar que “foi uma solução emergencial que teve de ser criada após os transtornos ocorridos no feriado de 15 de novembro”. Na ocasião, Osório acusou a administração da Rodoviária Novo Rio de vender passagens além da capacidade, contribuindo para engarrafamentos na Região Portuária.

O Consórcio Novo Rio, que administra a rodoviária, rebateu as críticas e negou a colocação de mais ônibus do que sua capacidade. A Secretaria Municipal de Transportes informou que ainda espera posicionamento oficial da Coderte para se pronunciar.
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Projeto previa linhas para Petrópolis
O projeto anunciado pela Secretaria Municipal de Transportes previa que a rodoviária provisória teria 30 baias de ônibus. A ideia era transferir para a Quinta da Boa Vista as linhas intermunicipais de curta distância e de alta demanda, como as que ligam o Rio a Petrópolis, Teresópolis e Cabo Frio.
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A alegação da secretaria para escolher São Cristóvão era de que o terreno ficava próximo a estações do metrô e trem, com fácil acesso para a população. Por outro lado, a localização da Rodoviária Novo Rio foi apontada por gerar problemas no trânsito na Região Portuária. O Consórcio Novo Rio informou que a última pesquisa realizada com usuários comprova que 82% avaliam a rodoviária como muito bem posicionada. Outros 88% a consideram muito importante para seus deslocamentos.
‘O problema é que primeiro fazem as obras e depois vão ver os estragos’
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“Construir uma rodoviária em 10 dias? O prefeito Eduardo Paes só pode mesmo estar querendo disputar audiência com programas humorísticos. Isso é uma piada”, disse o especialista em Mobilidade Urbana da Uerj, Alexandre Rojas. De acordo com ele, somente o projeto de viabilidade operacional levaria até seis meses para ficar pronto. “O problema é que, aqui no Rio, primeiro fazem as obras e só depois é que vão ver os estragos que elas causam”, analisou.
O técnico considera que a Rodoviária Novo Rio é capaz de dar conta da demanda, e lembra que o problema que existe na Região Portuária é de trânsito e não de estrutura do terminal. “Se fizessem em São Cristóvão ia ser um caos. Os impactos chegariam na Binário e na Avenida Brasil. Eles sequer sabem responder sobre o tamanho das filas de ônibus que iam se formar. Também não conhecem a capacidade de vazão. Imagina só? Seria um estrago. A não ser se desviassem os ônibus para o zoológico”, ironizou.
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