Rio - São Gonçalo e Niterói começam a se preparar para um dos principais projetos de mobilidade urbana da Região Metropolitana: a Linha 3 do metrô, que ligará as duas cidades e beneficiará 1,5 milhão de pessoas. O investimento é de R$ 3 bilhões e envolve recursos dos governos estadual (51%) e federal (49%). A concorrência será aberta 15 de agosto, e o consórcio vencedor, anunciado um mês depois. Mas no próximo dia 30 o edital de licitação já estará disponível para consulta pública.
Em São Gonçalo, 300 casas foram desapropriadas nos últimos dois meses, no bairro Jardim Catarina, para preparar o terreno para as obras. As famílias foram realocadas em residências do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal.
O projeto da Linha 3 prevê que a maior parte do trajeto seja monotrilho em elevação e, o restante, metrô de superfície. O início da operação só deve ocorrer em 2018, com todas as 14 estações funcionando dois anos depois.
A nova linha terá 22 quilômetros de extensão e é considerada a válvula de escape para atenuar os atuais engarrafamentos que afligem moradores de Niterói e São Gonçalo. As cidades não contam com transporte de massa desde que o trem da região deixou de operar, na década de 1980.
“Você chega a perder duas horas num trecho curto, entre São Gonçalo e Niterói, em ônibus ou vans. O metrô resolve 50% dos nossos problemas de locomoção. Vale a pena lembrar que São Gonçalo tem 1 milhão e 200 mil habitantes, sendo a segunda cidade mais populosa do Estado do Rio, atrás apenas da capital”, disse o prefeito de São Gonçalo, Neílton Mulim.
“O projeto começa a tomar corpo num momento importante, porque o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) vem alterando a dinâmica do fluxo de passageiros. Se o padrão antes era muita gente saindo de São Gonçalo e Itaboraí para trabalhar no Rio, hoje tem muito carioca que vem para os lados de cá. São pessoas interessadas em trabalhar no empreendimento da Petrobras”, disse o secretário de Transportes de São Gonçalo, Daelson Viana.
Há estudos para estender a Linha 3 até o município de Itaboraí, onde fica o Comperj, mas não há data estabelecida para abertura da licitação ou previsão para o início das obras.
Município quer também BRT e barcas
São Gonçalo vive ainda a expectativa de outros projetos de mobilidade, além da Linha 3. O Ministério das Cidades liberou recentemente R$ 9 milhões para a elaboração de dois projetos envolvendo a construção de corredores expressos de ônibus (BRT).
"Uma das pistas será próxima à RJ-104, pegando parte da Avenida do Contorno, subindo no sentido Itaboraí. O outro projeto, que existe há mais tempo, interliga o primeiro, o segundo, o quarto e o quinto distritos de São Gonçalo", disse o prefeito Neílton Mulim.
A prefeitura trabalha na confecção do projeto executivo para receber investimentos dos governos federal e estadual que podem chegar a R$ 320 milhões para a implantação dos BRTs. Outro frequente pedido dos moradores de São Gonçalo, a construção de uma estação aquaviária para levar a barca até o município ainda não tem previsão de sair do papel.
A Secretaria Estadual de Transportes informou que aguarda o resultado de estudo encomendado junto a empresas de engenharia, para mensurar a viabilidade da obra.
Trajeto até a Barra fica pronto em 2016
Outra obra de ampliação do Metrô, a Linha 4, que ligará a Barra da Tijuca, na Zona Oeste, a Ipanema, na Zona Sul, tem previsão para ser concluída no primeiro semestre de 2016. A nova linha vai transportar mais de 300 mil pessoas por dia e retirar das ruas cerca de 2 mil veículos por hora/pico. A Linha 4 terá seis estações de, aproximadamente, 16 quilômetros de extensão. O passageiro que optar pela nova linha poderá utilizar todo o sistema metroviário da cidade pagando apenas uma tarifa.
Até o momento, foram escavados 8 mil metros de túneis entre Barra da Tijuca e Gávea, na Zona Sul. O maior bitúnel entre estações metroviárias do mundo, sob rocha, tem cinco quilômetros de extensão e liga as estações da Barra a São Conrado. Neste trecho, os trilhos da via permanente, por onde vão passar os trens, já estão sendo instalados. De origem espanhola, as estruturas vieram de navio e chegaram ao Rio de Janeiro em fevereiro. Os trilhos, que têm 18 metros de comprimento, pesam mais de uma tonelada.
Com a Linha 4, será possível ir da Barra da Tijuca a Ipanema em 15 minutos e, da Barra ao Centro, em 34 minutos. Hoje em dia, usuários de ônibus costumam demorar quatro vezes mais para percorrer o mesmo trajeto.